FPA – VM - Lusa
O desaparecimento
de mais de 10 milhões de euros destinados à realização dos Jogos da Lusofonia e
a demissão de um membro do comité organizador da competição estão a ensombrar o
certame, previsto para novembro em Goa.
No sábado, o jornal
'Deccan Herald', publicado em Goa, noticiou declarações do ministro chefe
daquele estado indiano, segundo o qual mais de 10 milhões de euros provenientes
do Governo indiano e destinados à realização dos Jogos da Lusofonia terão
desaparecido.
Num evento
desportivo, Manohar Parrikar disse que "780 milhões de rupias (10,7
milhões de euros) que deveriam ser usados para infraestruturas desportivas
desapareceram. Eram fundos centrais".
O ministro chefe,
que assumiu o cargo em 2012, afirmou, no entanto, que os jogos se manterão como
previsto, garantindo não estar a fazer qualquer acusação.
"Não estou a
acusar. Estou a citar factos. O dinheiro para o desenvolvimento desportivo foi
gasto noutro sítio qualquer, não deixando nada para o desporto", disse
Parrikar, acrescentando que já tomou medidas para encontrar fundos
alternativos.
"Todos os
trabalhos em termos de infraestruturas estão adiantados e estarão prontos antes
dos jogos", afirmou.
A notícia veio
acrescentar controvérsia aos jogos depois de há dois anos o partido de Parrikar
(BJP), então na oposição, ter acusado o então ministro do Desporto, Babu
Azgaonkar, de um esquema para incluir estruturas hoteleiras de luxo como parte
das infraestruturas desportivas para os Jogos da Lusofonia.
Quando o partido
chegou ao poder, no ano passado, um dos seus deputados, Vishnu Wagh, questionou
a realização em Goa dos jogos da Lusofonia, lembrando que esta competição
desportiva decorre em países que foram governados pelos portugueses.
"Goa não é um
país e a Índia certamente não foi governada por colonizadores portugueses. Não
há razão para os jogos serem aqui", disse Wagh.
O governo estadual
de Goa, ainda assim, apoiou a realização dos jogos e Manohar Parrikar é o
presidente do comité organizador, que inclui ainda quatro ministros do mesmo
governo.
Mas os jogos
continuam envoltos em controvérsia.
Ainda este fim de
semana, segundo o jornal 'Times of India' o presidente do comité olímpico de
Goa, Shripad Naik, demitiu-se do comité organizador dos Jogos da Lusofonia em
protesto contra a nomeação como "conselheiro" de um responsável dos
jogos da Commonwealth, Rajkumar Sacheti, que foi investigado num escândalo de
corrupção.
Sacheti, que alegadamente
era ajudante próximo do ex-presidente da Associação Olímpica Indiana Suresh
Kalmadi, em julgamento por suspeitas de corrupção nos Jogos da Commonwealth de
2010, foi nomeado conselheiro pelo governo estadual, juntamente com outro
responsável dos jogos anglófonos.
Shripad Naik, que é
também presidente da unidade de Goa do partido no governo estadual e deputado
na assembleia legislativa de Goa, apresentou por isso a sua demissão do comité
organizador dos Jogos da Lusofonia ao seu presidente, Manohar Parrikar.
Primeiro
vice-presidente da Associação Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa
(ACOLOP), que promove os Jogos da Lusofonia, Shripad Naik lamentou ter sido
mantido afastado de assuntos relacionados com a organização do certame,
incluindo a nomeação de Sacheti.
Os Jogos da
Lusofonia, um evento desportivo que envolve a participação de 12 países e
territórios - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique,
Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Guiné Equatorial, Índia e Sri Lanka
- decorrem em Goa entre 02 e 10 de novembro.
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