segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

DESAPARECIMENTO DE 10 MILHÕES DE EUROS ENSOMBRA JOGOS DA LUSOFONIA




FPA – VM - Lusa

O desaparecimento de mais de 10 milhões de euros destinados à realização dos Jogos da Lusofonia e a demissão de um membro do comité organizador da competição estão a ensombrar o certame, previsto para novembro em Goa.

No sábado, o jornal 'Deccan Herald', publicado em Goa, noticiou declarações do ministro chefe daquele estado indiano, segundo o qual mais de 10 milhões de euros provenientes do Governo indiano e destinados à realização dos Jogos da Lusofonia terão desaparecido.

Num evento desportivo, Manohar Parrikar disse que "780 milhões de rupias (10,7 milhões de euros) que deveriam ser usados para infraestruturas desportivas desapareceram. Eram fundos centrais".

O ministro chefe, que assumiu o cargo em 2012, afirmou, no entanto, que os jogos se manterão como previsto, garantindo não estar a fazer qualquer acusação.

"Não estou a acusar. Estou a citar factos. O dinheiro para o desenvolvimento desportivo foi gasto noutro sítio qualquer, não deixando nada para o desporto", disse Parrikar, acrescentando que já tomou medidas para encontrar fundos alternativos.

"Todos os trabalhos em termos de infraestruturas estão adiantados e estarão prontos antes dos jogos", afirmou.

A notícia veio acrescentar controvérsia aos jogos depois de há dois anos o partido de Parrikar (BJP), então na oposição, ter acusado o então ministro do Desporto, Babu Azgaonkar, de um esquema para incluir estruturas hoteleiras de luxo como parte das infraestruturas desportivas para os Jogos da Lusofonia.

Quando o partido chegou ao poder, no ano passado, um dos seus deputados, Vishnu Wagh, questionou a realização em Goa dos jogos da Lusofonia, lembrando que esta competição desportiva decorre em países que foram governados pelos portugueses.

"Goa não é um país e a Índia certamente não foi governada por colonizadores portugueses. Não há razão para os jogos serem aqui", disse Wagh.

O governo estadual de Goa, ainda assim, apoiou a realização dos jogos e Manohar Parrikar é o presidente do comité organizador, que inclui ainda quatro ministros do mesmo governo.

Mas os jogos continuam envoltos em controvérsia.

Ainda este fim de semana, segundo o jornal 'Times of India' o presidente do comité olímpico de Goa, Shripad Naik, demitiu-se do comité organizador dos Jogos da Lusofonia em protesto contra a nomeação como "conselheiro" de um responsável dos jogos da Commonwealth, Rajkumar Sacheti, que foi investigado num escândalo de corrupção.

Sacheti, que alegadamente era ajudante próximo do ex-presidente da Associação Olímpica Indiana Suresh Kalmadi, em julgamento por suspeitas de corrupção nos Jogos da Commonwealth de 2010, foi nomeado conselheiro pelo governo estadual, juntamente com outro responsável dos jogos anglófonos.

Shripad Naik, que é também presidente da unidade de Goa do partido no governo estadual e deputado na assembleia legislativa de Goa, apresentou por isso a sua demissão do comité organizador dos Jogos da Lusofonia ao seu presidente, Manohar Parrikar.

Primeiro vice-presidente da Associação Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP), que promove os Jogos da Lusofonia, Shripad Naik lamentou ter sido mantido afastado de assuntos relacionados com a organização do certame, incluindo a nomeação de Sacheti.

Os Jogos da Lusofonia, um evento desportivo que envolve a participação de 12 países e territórios - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Guiné Equatorial, Índia e Sri Lanka - decorrem em Goa entre 02 e 10 de novembro.

Sem comentários:

Mais lidas da semana