Verdade (mz)
Alguns
megaprojectos esgotarão os recursos naturais que estão a explorar em Moçambique
antes de começarem a pagar impostos justos na base das renegociações com o
Governo nesse sentido prestes a iniciar.
Esta é a conclusão
obtida pelo Centro de Integridade Pública (CIP) e que acaba de torná-la
pública. A pesquisa debruça-se essencialmente sobre os contratos e regimes
fiscais dos principais megaprojectos que operam em Moçambique, num esforço que
acontece momentos antes do início do processo de renegociação de algumas
cláusulas contratuais e regimes fiscais assinados com o Governo.
Para o CIP, o
esgotamento dos recursos naturais antes das multinacionais começarem a pagar
impostos justos vai “defraudar as expectativas dos moçambicanos”, pois entende
a agremiação que antes deste processo o Governo devia publicar os contratos que
assinou com as empresas multinacionais para, numa base independente, se aferir
em que medida é que são ou não um bom negócio para o país.
Governo recusa
O Executivo do
Presidente Armando Guebuza recusa publicar os contratos, alegadamente, para não
criar um ambiente de tensão na sua relação com as empresas, uma vez que eles
contêm informação estratégica comercial e concorrencial, isto apesar de outros
países em vias de desenvolvimento terem publicado os contratos sem que isso
tivesse resvalado para tensão alguma com as empresas, segundo ainda o CIP.
A procura por
aquela agremiação da sociedade civil moçambicana pelos conteúdos dos contratos
para os publicar foi para “o bem da transparência e para um informado debate
público” sobre a qualidade dos negócios que o Governo fez com as
multinacionais, vistos na perspectiva de receita para o Estado e sobre a
clareza do objecto da renegociação.
A lista publicada
pelo CIP não se limita aos megapro- jectos da indústria extractiva, pois
abrange outros grandes projectos, sobretudo, ligados aos corredores de
desenvolvimento sobre os quais, pelos volumes de receita e lucros, há a
necessidade de se com- preender a medida em que contribuem para os cofres do Estado.
Muitos e excessivos
Da lista, o CIP diz
ter concluído que são muitos e excessivos os incentivos fiscais que o Governo
concedeu às empresas multinacionais, mas deles todos o mais problemático é o
Imposto sobre a Produção (ISP), fixado em 3%, enquanto noutros países este tipo
de impostos varia entre 5% e 7%.
“Mais ainda, o
período bastante longo de vigência destes incentivos agrava os custos para os
cofres do Estado”, chama a atenção aquela agremiação da sociedade civil
moçambicana que trabalha sem fins lucrativos, realçando que alguns incentivos
foram concedidos por um período que varia entre 10 e 20 anos e outros para o
tempo de vida do projecto.
São entre vários
projectos abrangidos a Vale Moçambique, Rio Tinto Benga, Lda., Statoil,
Anadarko Moçambique (Área 1 Offshore), PC Mozambique (Rovuma Basin) Lda. e ENH,
EP. (Área Offshore 3 & 6 da Bacia do Rovuma), para além da ENI East Africa
SPA, JSPL, Mocambique Minerais, Lda., Sasol Petroleum Temane, Projecto das
Areas Pesadas de Moma (Processing), Mozal, SARL, Hidroeléctrica de Cahora
Bassa, Trans African Concession (TRAC) e Maputo Port Development Company (MPDC).
Fonte: Correio da Manhã
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