sábado, 16 de fevereiro de 2013

Ouvir "Grândola, Vila Morena" no Parlamento foi grito contra a "ditadura" de Bruxelas




Jornal de Notícias – foto Paulo Spranger/Global Imagens

A vice-secretária geral do PSOE disse, este sábado, que ouvir a canção "Grândola Vila Morena" nas galerias da Assembleia da República em Portugal representou um grito da cidadania contra a "ditadura" que os manifestantes entendem ser Bruxelas.

"Quando o primeiro-ministro português falava, num momento em que se referia ao orçamento europeu e às perspetivas europeias, todo o público nas galerias começou a cantar a canção da revolução dos cravos", contou Elena Valenciano, no arranque de uma conferência de socialistas europeus em Madrid.

"Mudaram assim o que era uma reivindicação contra a ditadura portuguesa, para uma reivindicação contra a ditadura que entendem ser Bruxelas", afirmou.

Para Elena Valenciano, esta perceção da cidadania, representada pelo que ocorreu na sexta-feira em Lisboa, é "muito grave", sendo que "não se está muito longe de que isso possa acontecer no parlamento espanhol", disse.

"Ninguém entende que as razões económicas possam ser as que levam as pessoas a sofrer o que estão a sofrer, ninguém entende que a receita seja uma receita de tanto sofrimento", disse.

Elena Valenciano falava no arranque de um encontro organizado pelo Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu (S&D) e pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), onde participam, entre outros, o líder do PS português, António José Seguro, o presidente do PSOE, Alfredo Pérez Rubalcaba e o primeiro secretário do PS francês, Harlem Désir.

Na sua intervenção, Elena Valenciano referiu-se ao facto de o primeiro-ministro português ter sido interrompido, quando intervinha no debate quinzenal na Assembleia da República, por um grupo de pessoas que entoaram a canção "Grândola Vila Morena", música emblemática da revolução de 25 de Abril de 1974.

O conjunto de cerca de 30 pessoas que entoaram a cantiga no Parlamento foi depois levado a abandonar as galerias reservadas ao público, de onde assistiam ao debate.

Pedro Passos Coelho - que aguardou em silêncio que a normalidade fosse reposta - comentou depois: "Das formas como os trabalhos podem ser interrompidos, esta parece a de mais bom gosto".

Já fora da Assembleia da República, Paula Gil, do movimento "Que se lixe a troika", explicou aos jornalistas que se tratou de uma ação simbólica para relembrar aos deputados que "é o povo quem mais ordena".

"Foi uma ação simbólica para relembrar aos senhores deputados que é o povo quem mais ordena. E vamos ver o povo na rua amanhã (hoje) e dia 2 de março", disse Paula Gil.
Entre o grupo que esteve nas galerias da Assembleia da República encontravam-se o advogado e dirigente do PCTP-MRPP Garcia Pereira e o cantor Carlos Mendes, mas nenhum quis prestar declarações à comunicação social.

1 comentário:

Anónimo disse...

Portugal não precisa de estar na União Europeia para morrer de fome. Saiamos da UE para que, se tivermos de ir para a miséria, que ela abranja todos, políticos, banqueiros (como o enfatuado do Ultich), etc., e que não abranja só o "zé povinho". Assim talvez os políticos e aqueles que nos governam agissem doutra maneira, pois até agora não têm sido responsabilizados pelas atrocidades que cometeram e continuam a cometer...

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