Jornal de Notícias –
foto Paulo Spranger/Global Imagens
A vice-secretária
geral do PSOE disse, este sábado, que ouvir a canção "Grândola Vila
Morena" nas galerias da Assembleia da República em Portugal representou um
grito da cidadania contra a "ditadura" que os manifestantes entendem
ser Bruxelas.
"Quando o primeiro-ministro
português falava, num momento em que se referia ao orçamento europeu e às
perspetivas europeias, todo o público nas galerias começou a cantar a canção da
revolução dos cravos", contou Elena Valenciano, no arranque de uma
conferência de socialistas europeus em Madrid.
"Mudaram assim
o que era uma reivindicação contra a ditadura portuguesa, para uma
reivindicação contra a ditadura que entendem ser Bruxelas", afirmou.
Para Elena
Valenciano, esta perceção da cidadania, representada pelo que ocorreu na
sexta-feira em Lisboa, é "muito grave", sendo que "não se está
muito longe de que isso possa acontecer no parlamento espanhol", disse.
"Ninguém
entende que as razões económicas possam ser as que levam as pessoas a sofrer o
que estão a sofrer, ninguém entende que a receita seja uma receita de tanto
sofrimento", disse.
Elena Valenciano
falava no arranque de um encontro organizado pelo Grupo da Aliança Progressista
dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu (S&D) e pelo Partido
Socialista Operário Espanhol (PSOE), onde participam, entre outros, o líder do
PS português, António José Seguro, o presidente do PSOE, Alfredo Pérez
Rubalcaba e o primeiro secretário do PS francês, Harlem Désir.
Na sua intervenção,
Elena Valenciano referiu-se ao facto de o primeiro-ministro português ter sido
interrompido, quando intervinha no debate quinzenal na Assembleia da República,
por um grupo de pessoas que entoaram a canção "Grândola Vila Morena",
música emblemática da revolução de 25 de Abril de 1974.
O conjunto de cerca
de 30 pessoas que entoaram a cantiga no Parlamento foi depois levado a
abandonar as galerias reservadas ao público, de onde assistiam ao debate.
Pedro Passos Coelho
- que aguardou em silêncio que a normalidade fosse reposta - comentou depois:
"Das formas como os trabalhos podem ser interrompidos, esta parece a de
mais bom gosto".
Já fora da
Assembleia da República, Paula Gil, do movimento "Que se lixe a
troika", explicou aos jornalistas que se tratou de uma ação simbólica para
relembrar aos deputados que "é o povo quem mais ordena".
"Foi uma ação
simbólica para relembrar aos senhores deputados que é o povo quem mais ordena.
E vamos ver o povo na rua amanhã (hoje) e dia 2 de março", disse Paula
Gil.
Entre o grupo que
esteve nas galerias da Assembleia da República encontravam-se o advogado e
dirigente do PCTP-MRPP Garcia Pereira e o cantor Carlos Mendes, mas nenhum quis
prestar declarações à comunicação social.
1 comentário:
Portugal não precisa de estar na União Europeia para morrer de fome. Saiamos da UE para que, se tivermos de ir para a miséria, que ela abranja todos, políticos, banqueiros (como o enfatuado do Ultich), etc., e que não abranja só o "zé povinho". Assim talvez os políticos e aqueles que nos governam agissem doutra maneira, pois até agora não têm sido responsabilizados pelas atrocidades que cometeram e continuam a cometer...
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