sábado, 16 de fevereiro de 2013

Portugal: FRANQUELIM ALVES E O PRIMO FALIDO




Tiago Mesquita – Expresso, opinião

"Eu não tive nada a ver com os crimes, com a fraude do BPN e não aceito que me ponham nessa situação", disse Franquelim Alves. "Desempenhei as minhas funções na SLN com responsabilidade". "Estou perfeitamente à vontade para assumir o que fiz". 

Ora bem, senhor Franquelim, proponho-lhe um exercício básico, nada complexo. Para coisas complexas já chega a teia SLN/BPN.

Imaginemos que um familiar seu, um primo direito, o Hernâni, por exemplo, decide depositar no BPN todo o dinheiro que amealhou ao longo de uma vida de trabalho. Um depósito a prazo puro com juro atractivo, bem acima dos valores praticados por outros bancos, sem qualquer risco associado. Imagine que, meses mais tarde, o Hernâni vem a saber que afinal o banco a quem confiou todo o dinheiro que possuía o enganou,  investindo, via SLN ( empresa da qual o primo Franquelim é administrador) todo esse montante em activos de risco. O Banco Insular, também da SLN do primo Franquelim, recebeu o dinheiro do desgraçado do primo intrujado e este por lá ficou, desapareceu.

O BPN é nacionalizado, limpo e vendido por meia dúzia de tostões. O seu primo perde tudo. Os portugueses, entre eles o Hernâni, agora teso como um carapau, vão pagar 7 mil milhões de euros graças à brincadeira. A SLN muda de nome e continua com o lixo tóxico do BPN. O Estado, que prometeu pela boca do ministro das finanças da altura ressarcir os danos causados aos clientes, nunca o chega a fazê-lo. O Hernâni, desesperado, vai ter consigo e reclama. O senhor responde com um "não sabia de nada, pá, eu era "apenas" um dos administradores da holding detentora daquelas porcaria toda". 

Diga-me agora, senhor Franquelim, com que cara é que o seu primo iria olhar para si? E quando o senhor lhe contasse, depois de tudo isto, que tinha sido convidado para ir para o governo?

Explique-me, se faz favor, com que cara é que os portugueses devem olhar para si? 

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