Daniel Oliveira –
Expresso, opinião
E, de um dia para o
outro, o spin governamental tentou transformar Franquelim Alves num herói. Afinal,
foi este administrador da SLN que desmascarou a fraude a que ali se
assistia, diz o governo que tem como principal conselheiro oficioso Dias
Loureiro.
Posso ter estado
distraído. É possível que o incómodo de Nuno Melo, que foi, com João Semedo e
Honório Novo, um dos mais ativos deputados na Comissão Parlamentar de Inquérito
ao BPN, com esta nomeação, também resulte de alguma distração. Mas lembro-me,
lembram-se todos, que foi o mesmo Franquelim Alves que disse, nas
mesmíssima comissão, que não denunciou gravíssimos factos, que constituíam
crime, às autoridades competentes. E que estava arrependido da sua omissão
cúmplice.
O ministro Álvaro
veio informar, depois de ter passado a mesma informação para os jornais, que
Franquelim Alves enviou uma carta ao Banco de Portugal, a 2 de Junho de 2008,
em que denunciava a existência do Banco Insular. "Quando se começaram
a detectar irregularidades, Franquelim Alves foi das pessoas que dentro da SLN
ajudaram a desmascarar a fraude", disse o ministro da Economia,
acrescentando: "Se não fossem pessoas como Franquelim Alves, que
estavam dentro da SLN, não seria possível ter identificado de uma forma tão
eficaz aquilo que se passou".
Estranhamente, tal
a sua humildade e espirítio de sacrfício, não lhe ocorreu gabar-se disso na
comissão de inquérito. Mas, afinal, tal carta foi enviada por Abdul Vakil.
E não passava de uma resposta tardia ao Banco de Portugal. Ou seja, Franquelim
Alves tinha razão quando confessou no Parlamento que não tinha denunciado coisa
nenhuma.
O desnorte do
governo e o desespero por o País ainda não estar completamente a dormir,
levaram a esta coisa extraordinária: inventar o herói, atribuir-lhe uma
coragem que não teve, não hesitando mesmo em inventar factos e neles desmentir
o próprio visado. O governo entrou na fase terminal da sua mitomania.
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