Henrique Monteiro –
Expresso, opinião
Há um dado pouco
salientado nas regulares sondagens que a SIC e o Expresso têm feito ao longo
dos anos (os dados completos da deste mês estão na edição de hoje do jornal). É
este: a instituição que menos congrega a simpatia dos portugueses (melhor
dissera que mais congrega a antipatia) é a Justiça.
Não me vou deter
sobre as razões, até porque muitas desconheço. Entre leis mal feitas,
crimes mal investigados, julgamentos mal feitos e sentenças mal fundamentadas,
de tudo um pouco há de haver. Basta dar os números da sondagem: o saldo
negativo da popularidade do primeiro-ministro é de 2,8%; a da Assembleia da
República é de 10,6% (negativos, claro); a do Ministério Público é de
menos 14,1%; a do Governo de menos 23,4% e a dosJuízes de menos 26%. Ou seja,
as duas magistraturas, do MP e Judicial são mais mal tratadas do que o conjunto
do Parlamento e Governo.
Ontem mesmo, houve
uma sentença que parecia final sobre o processo Casa Pia. Sabe-se, hoje, que
deixa uma porta aberta à repetição do julgamento. O caso BPN anda há mais
de dois anos em tribunal (o caso é de 2008); a 'Face Oculta' nem me lembro em
que ponto está; a 'Operação Furacão' deu no que se sabe e, como ontem escrevi,
Isaltino ainda não foi preso.
Sem Justiça não há
democracia, não há economia, não há sociedade harmoniosa. Mas também não há
punição para criminosos e sem isso jamais os justos se sentem recompensados. A
injustiça é o lugar da corrupção, do nepotismo e da imobilidade. Talvez seja
por isto tudo que, no meio de tantas análises, poucos se preocupem com este
lamentável panorama.
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