JSD – MLL - Lusa
Cidade da Praia, 04
mar (Lusa) - O crime de lavagem de capitais tem vindo a praticar-se em Cabo
Verde, país que é "vulnerável" ao fenómeno mas que tem estado a
combatê-lo, afirmou hoje a diretora da Unidade de Informação Financeira (UIF)
cabo-verdiana.
Kylly Fernandes,
diretora da UIF, falava aos jornalistas após a abertura de uma ação de formação
sobre Lavagem de Capitais e financiamento ao terrorismo, financiada pelos
Estados Unidos e ministrada pela especialista portuguesa Paula Sacramento,
coordenadora de investigação criminal na Polícia Judiciária (PJ).
"Não tenho
informações concretas sobre se é muito vulnerável. O certo é que está a
praticar-se o crime de lavagem de capitais em Cabo Verde. Já temos condenações,
com processos transitados em julgado e outros que estão em curso", afirmou
a responsável cabo-verdiana da UIF, recriada formalmente em novembro de 2012.
Questionada sobre
se a situação em Cabo Verde é preocupante, Kylly Fernandes, magistrada do
Ministério Público de carreira, respondeu que qualquer operação que tente
desestruturar a sociedade ou o Estado, mesmo que reduzida, torna-se motivo de
preocupação.
Até sexta-feira, a
formação, a cargo da coordenadora da estrutura portuguesa de prevenção de
branqueamento de capitais da UIF, vai permitir à congénere cabo-verdiana saber
como obter respostas "concretas e rápidas" nas suspeitas de crime
económico, para que depois possa sensibilizar as entidades financeiras e não
financeiras locais.
Essas entidades,
explicou, são obrigadas, por lei, a comunicar qualquer operação suspeita de
lavagem de capitais ou financiamento do terrorismo.
Entre as entidades
financeiras estão o banco central, a banca comercial, os "offshores",
os seguradores e as casas de câmbio, entre outras, e entre as não financeiras
os advogados, os solicitadores, os contabilistas, os notários e os conservadores.
Por seu lado, Paula
Sacramento indicou que dará aos cerca de uma dezena de formandos da UIF uma
"panorâmica da forma de trabalhar" da congénere portuguesa, através
de casos práticos e das técnicas de abordagem às situações.
"Também
falarei sobre as regras de troca de informação entre as UIF, sobretudo numa
perspetiva prática sobre a forma de lidar com aquilo que é matéria-prima do
trabalho das UIF: a análise das comunicações de operações suspeitas de
branqueamento de capitais", explicou.
"Os sistemas e
os circuitos financeiros são internacionais. O dinheiro flui de uns Estados
para outros, não há fronteiras. Cabo Verde, como outros países, gerará
proventos, que transitam em negócios. Selecionar entre todos os que podem estar
relacionados com a criminalidade é a função das estruturas da UIF",
acrescentou.
Paula Sacramento
escusou-se, porém, a falar sobre a realidade em Portugal, salientando, contudo,
que se está no bom caminho na evolução sobre a repressão do branqueamento de
capitais.
"Cada vez
temos mais comunicações, o que significa que há uma cada vez maior
sensibilização e sensibilidade por parte das entidades sujeitas ao dever de
comunicação. Na perspetiva do sucesso, temos caminhado num sentido
positivo", concluiu.
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