JSD – MSF - Lusa
Cidade da Praia, 02
mar (Lusa) - Falhas técnicas e roubos são responsáveis por 37% de perda de
produção de energia elétrica em Cabo Verde, um valor mensal de 200/300 mil
contos (1,8/2,7 milhões de euros), disse à Lusa o presidente da Electra.
Alexandre Fontes,
presidente do Conselho de Administração da empresa pública de produção e
distribuição de água e energia elétrica de Cabo Verde, salientou tratar-se de
valores "incomportáveis" para a empresa, que têm posto em causa a
própria sustentabilidade financeira da Electra.
Segundo o PCA da
Electra, se as perdas técnicas representam 13% da produção total, os roubos
(ligações ilegais) ascendem a 24%, situação que, disse, deverá ser invertida em
breve, com nova legislação a apresentar em breve pelo Governo, que irá alterar
o código penal.
As alterações foram
prometidas na sexta-feira à tarde pelo ministro do Turismo, Indústria e Energia
cabo-verdiano, Humberto Brito, ao indicar que o Conselho de Ministros irá
aprovar, em breve, nova legislação para criminalizar não só os roubos como
também os devedores com penas de prisão e multas.
Alexandre Fontes e
Humberto Brito falavam à margem da inauguração, na sexta-feira, da Central
Única do Palmarejo, na Cidade da Praia, que permite aumentar em 22 megawatts
(mw) a potência instalada de produção de energia elétrica térmica, cuja
disponibilidade subiu de 25 para 47 mw, o suficiente para cobrir a procura dos
256 mil habitantes da ilha de Santiago (56% do total do país) até 2018.
Alexandre Fontes
salientou, neste sentido, tratar-se de um momento "ímpar" na história
da Electra, lembrando que, em 2000, apenas 40% da população dispunha de energia
elétrica em todo o país e que, em 2011, os investimentos feitos permitiram
atingir os 96%.
A nova central, que
liga toda a ilha de Santiago, reforçando a produção e melhorando a
distribuição, foi um investimento de 52 milhões de euros e não 52 milhões de
dólares, tal como corrigiu, na ocasião, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José
Maria Neves, que, de manhã, indicara o montante na moeda norte-americana.
Cofinanciado pelos
bancos Africano de Desenvolvimento (BAD) e de Investimentos e de
Desenvolvimento (BIDC) da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental
(CEDEAO), Cabo Verde e Japão, a central insere-se no Projeto de Reforço das
Capacidades de Produção, Transporte e Energia em Santiago.
O projeto incluiu
também uma moderna oficina de manutenção e reparação dos grupos, bem como um armazém
de peças de reserva e uma nova rede de transporte para o interior da ilha, em
que, pela primeira vez, se implantou uma linha de alta tensão ao longo de 40
quilómetros que liga a subestação do Palmarejo à da Calheta (nordeste).
O projeto permitiu
ainda construir, de raiz, três novas subestações - Palmarejo, Monte Vaca,
também nos arredores da Cidade da Praia, e Calheta de São Miguel.
Em 2014, arranca
idêntico projeto para reforçar em mais 22 mw a ilha de Santiago, que deverá
estar terminado em 2016, o mesmo sucedendo, já em abril próximo, nas ilhas de
Santo Antão, São Nicolau, Boavista e Fogo, obras que estarão concluídas no
início de 2015.
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