segunda-feira, 4 de março de 2013

Falhas técnicas e roubos afetam 37% da produção de energia elétrica em Cabo Verde




JSD – MSF - Lusa

Cidade da Praia, 02 mar (Lusa) - Falhas técnicas e roubos são responsáveis por 37% de perda de produção de energia elétrica em Cabo Verde, um valor mensal de 200/300 mil contos (1,8/2,7 milhões de euros), disse à Lusa o presidente da Electra.

Alexandre Fontes, presidente do Conselho de Administração da empresa pública de produção e distribuição de água e energia elétrica de Cabo Verde, salientou tratar-se de valores "incomportáveis" para a empresa, que têm posto em causa a própria sustentabilidade financeira da Electra.

Segundo o PCA da Electra, se as perdas técnicas representam 13% da produção total, os roubos (ligações ilegais) ascendem a 24%, situação que, disse, deverá ser invertida em breve, com nova legislação a apresentar em breve pelo Governo, que irá alterar o código penal.

As alterações foram prometidas na sexta-feira à tarde pelo ministro do Turismo, Indústria e Energia cabo-verdiano, Humberto Brito, ao indicar que o Conselho de Ministros irá aprovar, em breve, nova legislação para criminalizar não só os roubos como também os devedores com penas de prisão e multas.

Alexandre Fontes e Humberto Brito falavam à margem da inauguração, na sexta-feira, da Central Única do Palmarejo, na Cidade da Praia, que permite aumentar em 22 megawatts (mw) a potência instalada de produção de energia elétrica térmica, cuja disponibilidade subiu de 25 para 47 mw, o suficiente para cobrir a procura dos 256 mil habitantes da ilha de Santiago (56% do total do país) até 2018.

Alexandre Fontes salientou, neste sentido, tratar-se de um momento "ímpar" na história da Electra, lembrando que, em 2000, apenas 40% da população dispunha de energia elétrica em todo o país e que, em 2011, os investimentos feitos permitiram atingir os 96%.

A nova central, que liga toda a ilha de Santiago, reforçando a produção e melhorando a distribuição, foi um investimento de 52 milhões de euros e não 52 milhões de dólares, tal como corrigiu, na ocasião, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, que, de manhã, indicara o montante na moeda norte-americana.

Cofinanciado pelos bancos Africano de Desenvolvimento (BAD) e de Investimentos e de Desenvolvimento (BIDC) da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Cabo Verde e Japão, a central insere-se no Projeto de Reforço das Capacidades de Produção, Transporte e Energia em Santiago.

O projeto incluiu também uma moderna oficina de manutenção e reparação dos grupos, bem como um armazém de peças de reserva e uma nova rede de transporte para o interior da ilha, em que, pela primeira vez, se implantou uma linha de alta tensão ao longo de 40 quilómetros que liga a subestação do Palmarejo à da Calheta (nordeste).

O projeto permitiu ainda construir, de raiz, três novas subestações - Palmarejo, Monte Vaca, também nos arredores da Cidade da Praia, e Calheta de São Miguel.

Em 2014, arranca idêntico projeto para reforçar em mais 22 mw a ilha de Santiago, que deverá estar terminado em 2016, o mesmo sucedendo, já em abril próximo, nas ilhas de Santo Antão, São Nicolau, Boavista e Fogo, obras que estarão concluídas no início de 2015.

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