quinta-feira, 28 de março de 2013

Depois de Eduardo dos Santos, UNITA apresentou nova queixa por crimes contra o Estado




EL – PJA - Lusa

Luanda, 27 mar (Lusa) - A UNITA entregou hoje em Luanda, na Procuradoria-Geral da República (PGR) angolana, mais uma queixa-crime, mas agora contra sete pessoas e que vem na sequência da que depositou no passado dia 11 contra o Presidente José Eduardo dos Santos.

Do grupo de sete fazem parte dois ministros de Estado, um ministro, um secretário de Estado e três oficiais superiores, que, à semelhança da queixa-crime formalizada no passado dia 11, são acusados de terem praticado sete crimes contra o Estado entre 2010 e 2012.

O anúncio foi feito em conferência de imprensa pelo secretário-geral daquele que é o maior partido da oposição em Angola, Vitorino Nhany.

"Cumpre-me informar que hoje, dia 27 de março, a UNITA deu mais um passo importante no combate à criminalidade em Angola", disse Vitorino Nhany, acrescentando que os sete indiciados, juntamente com José Eduardo dos Santos, "terão praticado, em coautoria material e em concurso real, sete crimes contra o povo angolano, puníveis pela Lei Penal".

Os indiciados são o chefe da Casa de Segurança da Presidência, general Hélder Vieira Dias "Kopelipa", o chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa, ambos ministros de Estado, o ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, o secretário de Estado de Administração do Território, Adão Almeida, o general Jorge Barros Nguto, o tenente-general Rogério José Saraiva e o coronel Anacleto Garcia Neto.

Segundo Vitorino Nhany, na queixa apresentada, "todos são indiciados pela prática dos crimes de alta traição, sabotagem, falsificação dos cadernos eleitorais e de atas de apuramento dos resultados eleitorais, impedimento abusivo de direitos políticos dos cidadãos e de falsificação do escrutínio".

A UNITA acusa-os, designadamente de, cumprindo ordens de José Eduardo dos Santos, terem criado antes das eleições gerais de 31 de agosto de 2012 uma "estrutura paramilitar clandestina" encarregue "de facto" da sua organização, colocando à margem desse processo a Comissão Nacional Eleitoral.

"Esta estrutura, dirigida pelo general 'Kopelipa' e comandada superiormente pelo Presidente da República, contou com centenas de colaboradores, militares e civis, angolanos e estrangeiros, em todo o país", considerou Vitorino Nhany.

Entre os estrangeiros acusados de integrarem a alegada estrutura, a UNITA acusou cidadãos portugueses e chineses.

"Os portugueses são administradores da sociedade comercial Sistemas de Informação Industriais e Consultoria (SINFIC)", disse Vitorino Nhany, que precisou que esta empresa portuguesa, criada em 1990, foi contratada pelo Ministério da Administração do Território para trabalhar no seu Centro de Processamento de Dados, pelo que são coautores dos crimes alegados pela UNITA.

Quanto aos cidadãos chineses, a UNITA identificou-os como sendo "técnicos do Ministério da Segurança Pública da China".

Segundo Vitorino Nhany, os resultados das eleições de 2012 "não revelam qual é de facto a vontade do povo", porque "os resultados expressos pelo povo nas mesas de voto não são os mesmos que são apurados a nível provincial e nacional".

Os resultados divulgados foram "predeterminados pela estrutura clandestina do general ?Kopelipa' e ses pares", frisou o secretário-geral da UNITA.

O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que dirige os destinos do país desde a independência, em 1975, foi a formação política mais votada a 31 de agosto, elegendo 175 dos 220 deputados da Assembleia Nacional angolana.

O segundo partido mais votado foi a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que elegeu 32 deputados, seguindo-se a Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), com oito deputados, o Partido da Renovação Social, com três, e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com os restantes dois.

Sem comentários:

Mais lidas da semana