EL – PJA - Lusa
Luanda, 27 mar
(Lusa) - A UNITA entregou hoje em Luanda, na Procuradoria-Geral da República
(PGR) angolana, mais uma queixa-crime, mas agora contra sete pessoas e que vem
na sequência da que depositou no passado dia 11 contra o Presidente José
Eduardo dos Santos.
Do grupo de sete
fazem parte dois ministros de Estado, um ministro, um secretário de Estado e
três oficiais superiores, que, à semelhança da queixa-crime formalizada no
passado dia 11, são acusados de terem praticado sete crimes contra o Estado
entre 2010 e 2012.
O anúncio foi feito
em conferência de imprensa pelo secretário-geral daquele que é o maior partido
da oposição em Angola, Vitorino Nhany.
"Cumpre-me
informar que hoje, dia 27 de março, a UNITA deu mais um passo importante no
combate à criminalidade em Angola", disse Vitorino Nhany, acrescentando
que os sete indiciados, juntamente com José Eduardo dos Santos, "terão
praticado, em coautoria material e em concurso real, sete crimes contra o povo
angolano, puníveis pela Lei Penal".
Os indiciados são o
chefe da Casa de Segurança da Presidência, general Hélder Vieira Dias
"Kopelipa", o chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa, ambos ministros
de Estado, o ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, o
secretário de Estado de Administração do Território, Adão Almeida, o general
Jorge Barros Nguto, o tenente-general Rogério José Saraiva e o coronel Anacleto
Garcia Neto.
Segundo Vitorino
Nhany, na queixa apresentada, "todos são indiciados pela prática dos
crimes de alta traição, sabotagem, falsificação dos cadernos eleitorais e de
atas de apuramento dos resultados eleitorais, impedimento abusivo de direitos
políticos dos cidadãos e de falsificação do escrutínio".
A UNITA acusa-os,
designadamente de, cumprindo ordens de José Eduardo dos Santos, terem criado
antes das eleições gerais de 31 de agosto de 2012 uma "estrutura
paramilitar clandestina" encarregue "de facto" da sua
organização, colocando à margem desse processo a Comissão Nacional Eleitoral.
"Esta
estrutura, dirigida pelo general 'Kopelipa' e comandada superiormente pelo
Presidente da República, contou com centenas de colaboradores, militares e
civis, angolanos e estrangeiros, em todo o país", considerou Vitorino
Nhany.
Entre os estrangeiros
acusados de integrarem a alegada estrutura, a UNITA acusou cidadãos portugueses
e chineses.
"Os
portugueses são administradores da sociedade comercial Sistemas de Informação
Industriais e Consultoria (SINFIC)", disse Vitorino Nhany, que precisou que
esta empresa portuguesa, criada em 1990, foi contratada pelo Ministério da
Administração do Território para trabalhar no seu Centro de Processamento de
Dados, pelo que são coautores dos crimes alegados pela UNITA.
Quanto aos cidadãos
chineses, a UNITA identificou-os como sendo "técnicos do Ministério da
Segurança Pública da China".
Segundo Vitorino
Nhany, os resultados das eleições de 2012 "não revelam qual é de facto a
vontade do povo", porque "os resultados expressos pelo povo nas mesas
de voto não são os mesmos que são apurados a nível provincial e nacional".
Os resultados
divulgados foram "predeterminados pela estrutura clandestina do general
?Kopelipa' e ses pares", frisou o secretário-geral da UNITA.
O Movimento Popular
de Libertação de Angola (MPLA), que dirige os destinos do país desde a
independência, em 1975, foi a formação política mais votada a 31 de agosto,
elegendo 175 dos 220 deputados da Assembleia Nacional angolana.
O segundo partido
mais votado foi a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA),
que elegeu 32 deputados, seguindo-se a Convergência Ampla de Salvação de
Angola-Coligação Eleitoral (CASA-CE), com oito deputados, o Partido da
Renovação Social, com três, e a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA),
com os restantes dois.
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