Lusa – foto maurizio
Bramba/Ansa
Quase toda a
imprensa italiana assegura, este sábado, que o chefe de Estado italiano,
Giorgio Napolitano, está a ponderar apresentar demissão a menos de dois meses
do final do mandato, para obrigar os partidos a aproximarem-se.
Segundo os jornais,
o objectivo da demissão de Napolitano seria obrigar os diferentes partidos a
aproximarem posições para acordar no nome do sucessor, que teria de ser eleito
nas primeiras três votações por uma maioria de dois terços dos deputados.
Uma demissão de
Napolitano permitiria que o sucessor pudesse dissolver o Parlamento e convocar
novas eleições, uma possibilidade que o actual chefe do Estado não pode levar a
cabo pois a lei impede-o de tomar essa decisão nos últimos seis meses de
mandato, conhecidos como "semestre branco".
A Itália está
pendente hoje da decisão de Napolitano relativamente ao bloqueio político na
escolha de um Governo, depois de na sexta-feira terem ficado concluídas as
consultas entre o chefe de Estado e as principais forças parlamentares, sem que
estas tenham mudado posturas que mantiveram desde as eleições gerais de 24 e 25
de Fevereiro.
As consultas
acabaram sem que comparecesse nem o próprio Presidente da República, nem o seu
secretário-geral, Donato Marra, mantendo em aberto todas as possibilidades
sobre os próximos movimentos.
Apenas o porta-voz
de Napolitano, Pasquale Cascella, indicou na sexta-feira à noite que a sala de
imprensa do Palácio do Quirinal, sede da chefia do Estado, reabriria as portas
como habitualmente, com tempo de convocatória suficiente.
Este hermetismo não
permite saber se Napolitano anunciará hoje a solução que acredita ser mais
conveniente para o actual bloqueio político, ainda que tudo faz prever que a
intenção do chefe de Estado é apresentar uma decisão não só ao país mas também
à Bolsa de Milão, que reabrirá na terça-feira.
Segundo a imprensa
italiana, as alternativas que Napolitano terá apresentado aos partidos é, por
um lado, a sua própria demissão, ou, por outro, a conclusão de um acordo para
apoiar o denominado "Governo do Presidente" ou "Governo
institucional", com um primeiro-ministro escolhido pelo Presidente e
diferente dos apresentados até agora pelas formações políticas.
Nas consultas
realizadas na sexta-feira, os partidos mantiveram-se intransigentes, com o
Movimento Cinco Estrelas a querer governar sozinho e o centro direita, liderado
por Silvio Berlusconi, a defender um executivo de coligação com a formação de
Mario Monti, tendo o Partido Democrata (PD), do líder de centro esquerda Pier
Luigi Bersani, recusado esta opção.
A delegação do PD,
que na sexta-feira reuniu com Napolitano sem a participação de Bersani,
assegurou que apoiaria de forma responsável a decisão tomada pelo Presidente da
República.
As eleições legislativas em
Itália no final de Fevereiro resultaram num impasse político, com a esquerda
liderada por Luigi Bersani a chegar à maioria na Câmara dos Deputados (câmara
baixa), mas não no Senado, onde a esquerda, a direita de Berlusconi e o M5S
conseguiram resultados aproximados e representações semelhantes (entre um terço
e um quarto do eleitorado).
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