O músico Lauty
Beirão terá sido um dos detidos. Nito Alves também foi preso, denuncia o
Movimento dos Jovens Revolucionários.
Uma manifestação
destinada a denunciar o desaparecimento de dois activistas políticos angolanos,
marcada para este sábado em Luanda, não se realizou por intervenção das forças
de segurança. De acordo com dados recolhidos pelo PÚBLICO, alguns dos que se preparavam
para se manifestar foram presos (entre eles o músico Luaty Leitão) e os outros
dispersados.
O protesto foi
organizado pelo Movimento dos Jovens Revolucionários para denunciar a
prisão/desaparecimento de de dois activistas, Isaías Kassule e Alves
Kamulingue, envolvidos nos preparativos para uma manifestação de protesto
contra o Governo em Maio do ano passado. O seu paradeiro é desconhecido até
hoje e os seus nomes são mencionados no documento do Comité dos Direitos
Humanos das Nações Unidas que critica o Governo de Luanda nesta matéria.
"Na senda das detenções dos jovens que pretendiam manifestar-se, neste
sábado, eis o balanço provisório: 18 detidos", lia-se na página do
Facebook do Movimento (nome da página: Central Angola), que dava alguns nomes
dos detidos, entre eles Nito Alves, opositor ao Governo do Presidente José
Eduardo dos Santos, que terá sido detido horas antes da manifestação.
"Luaty Beirão, Adolfo Campos e Mauro Smith foram detidos e outros foram
dispersados", continua o relato do Movimento dos Jovens Revolucionários no
Facebook.
A ONU criticou na
semana passada Luanda pelo desaparecimento de activistas políticos e pela
existência de execuções sumárias, e pediu às autoridades para acabarem com
"a impunidade das forças de segurança". As criticas foram feitas pelo
Comité de Direitos Humanos das Nações Unidas, que avaliou a aplicação do pacto
Internacional dos Direitos Cívis neste país.
Na semana passada,
relata a rádio Voz da América em Angola (www.voaportugues.com), o ministro
angolano da Justiça e Direitos Humanos, Rui Mangueira, esteve em Genebra — a
cidade suíça onde se situa a sede daquele organismo da ONU — a apresentar o
relatório do seu Governo sobre a aplicação do pacto. O Comité dos Direitos
Humanos, depois de ouvir este responsável e verificar outros dados, expressou
estar "preocupado com informações de execuções arbitrárias e extrajudiciais
pelas forças de segurança", sobretudo na província de Huambo em 2010 e
numa ofensiva contra a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) no
mesmo ano. Alguns dirigentes da FLEC foram raptados, tendo sido depois
encontrados mortos.
A crítica menciona também a
"preocupação" da ONU sobre notícias quanto ao desaparecimento de pessoas
em protestos em Luanda em 2011 e 2012 e a Voz da América acrescenta que
desapareceu mais um activista, que terá "assistido ao rapto de Isaías
Kassule", desapareceu. Chama-se Alberto António dos Santos.
O documento diz que o Comité de Direitos Humanos menciona ainda relatos de
violência sexual cometida por parte da polícia e forças de segurança contra
imigrantes ilegais congoleses durante o processo de expulsão, recomendando às
autoridades que investiguem os abusos e que garantam a protecção das pessoas
que aguardam deportação.
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