sábado, 30 de março de 2013

POLÍCIA ANGOLANA IMPEDE MANIFESTAÇÃO E PRENDE ATIVISTAS





O músico Lauty Beirão terá sido um dos detidos. Nito Alves também foi preso, denuncia o Movimento dos Jovens Revolucionários.

Uma manifestação destinada a denunciar o desaparecimento de dois activistas políticos angolanos, marcada para este sábado em Luanda, não se realizou por intervenção das forças de segurança. De acordo com dados recolhidos pelo PÚBLICO, alguns dos que se preparavam para se manifestar foram presos (entre eles o músico Luaty Leitão) e os outros dispersados.

O protesto foi organizado pelo Movimento dos Jovens Revolucionários para denunciar a prisão/desaparecimento de de dois activistas, Isaías Kassule e Alves Kamulingue, envolvidos nos preparativos para uma manifestação de protesto contra o Governo em Maio do ano passado. O seu paradeiro é desconhecido até hoje e os seus nomes são mencionados no documento do Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas que critica o Governo de Luanda nesta matéria.
 
"Na senda das detenções dos jovens que pretendiam manifestar-se, neste sábado, eis o balanço provisório: 18 detidos", lia-se na página do Facebook do Movimento (nome da página: Central Angola), que dava alguns nomes dos detidos, entre eles Nito Alves, opositor ao Governo do Presidente José Eduardo dos Santos, que terá sido detido horas antes da manifestação. "Luaty Beirão, Adolfo Campos e Mauro Smith foram detidos e outros foram dispersados", continua o relato do Movimento dos Jovens Revolucionários no Facebook.

A ONU criticou na semana passada Luanda pelo desaparecimento de activistas políticos e pela existência de execuções sumárias, e pediu às autoridades para acabarem com "a impunidade das forças de segurança". As criticas foram feitas pelo Comité de Direitos Humanos das Nações Unidas, que avaliou a aplicação do pacto Internacional dos Direitos Cívis neste país.

Na semana passada, relata a rádio Voz da América em Angola (www.voaportugues.com), o ministro angolano da Justiça e Direitos Humanos, Rui Mangueira, esteve em Genebra — a cidade suíça onde se situa a sede daquele organismo da ONU — a apresentar o relatório do seu Governo sobre a aplicação do pacto. O Comité dos Direitos Humanos, depois de ouvir este responsável e verificar outros dados, expressou estar "preocupado com informações de execuções arbitrárias e extrajudiciais pelas forças de segurança", sobretudo na província de Huambo em 2010 e numa ofensiva contra a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) no mesmo ano. Alguns dirigentes da FLEC foram raptados, tendo sido depois encontrados mortos.

A crítica menciona também a "preocupação" da ONU sobre notícias quanto ao desaparecimento de pessoas em protestos em Luanda em 2011 e 2012 e a Voz da América acrescenta que desapareceu mais um activista, que terá "assistido ao rapto de Isaías Kassule", desapareceu. Chama-se Alberto António dos Santos.
 
O documento diz que o Comité de Direitos Humanos menciona ainda relatos de violência sexual cometida por parte da polícia e forças de segurança contra imigrantes ilegais congoleses durante o processo de expulsão, recomendando às autoridades que investiguem os abusos e que garantam a protecção das pessoas que aguardam deportação.

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