Jornal de Angola -
editorial
As preocupações com
os níveis de entrada, residência e permanência ilegais de estrangeiros crescem
todos os dias, o que coloca ao país o desafio da contenção da imigração
clandestina, sob pena do seu descontrolo afectar gravemente os pilares em que
assentam a paz, a estabilidade e a segurança nacional.
Os factores que
fazem Angola crescer – estabilidade, tranquilidade das famílias, respeito pelas
leis, sossego das comunidades, observância dos costumes – não são negociáveis.
Reflexo da conjuntura de paz e de estabilidade, Angola passou a receber homens
e mulheres de várias origens, o que é bom quando essas pessoas respeitam as
leis e as regras quanto à entrada e permanência.
A existência de condições para negócios tem sido aproveitada por estrangeiros
para potenciarem as capacidades empresariais e de emprendedorismo, o que, desde
que cumpram as leis e regras vigentes, é óptimo porque contribuem para
desenvolvimento de Angola.
Mas, as oportunidades que o país oferece têm sido não raras vezes aproveitadas
por indivíduos de várias origens para fomentarem redes de imigração ilegal.
O quadro migratório no país é preocupante, pois em várias localidades,
principalmente do interior, parece haver cada vez mais estrangeiros que
entraram clandestinamente no país a dedicarem-se a actividades ilegais.
A contenção da imigração ilegal é um desafio transversal, pois transcende o
papel das autoridades e envolve toda a sociedade, o que significa que as
famílias devem participar nos esforços do Executivo para conter este fenómeno,
cujas consequências negativas afectam a população.
O auxílio à imigração ilegal é uma realidade com que muitas comunidades se
confrontam e que é urgente inverter. Sobretudo é importante divulgar e fazer
perceber que essa atitude de alguns compatriotas nossos constitui crime
previsto e punível por lei. É preciso que se continue a sensibilizar as
famílias angolanas que estão a incorrer em prática criminosa quando alojam
estrangeiros que entraram clandestinamente no país e que estão obrigadas a
comunicar às autoridades, mormente a Polícia Nacional, situações desta
natureza.
As leis angolanas, contrariamente a de muitos Estados, não desencorajam a
entrada e a permanência em Angola de estrangeiros, desde que cumpridas as
formalidades legais. Angola está aberta ao investimento estrangeiro e a
iniciativas que a ajudem a desenvolver, desde que no cumprimento das leis e
regulamentos em vigor.
O Executivo continua empenhado na formação contínua dos efectivos da Polícia
Nacional, particularmente dos Serviços de Migração e Estrangeiros, e na criação
de meios que permitam fazer face à imigração clandestina, que é dos maiores
desafios de Angola após a conquista da paz.
As autoridades tem, felizmente, apesar das dificuldades com que debatem, em
grande parte pela extensão das fronteiras, cumprido a missão que lhes está
confiada de impedir a entrada clandestina de estrangeiros, mas estes esforços
têm de contar com a participação dos civis que ao denunciarem situações ilegais
estão a contribuir para a segurança nacional e para o bem-estar social.
O compromisso assumido pelo Executivo de modernizar as técnicas de actuação do
Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), num momento crucial da existência
desta importante instituição, é digno de elogios.
Por tudo isto, defendemos que prossigam as melhorias de condições de trabalho
do SME destinadas a neutralizar as entradas e permanência ilegais de
estrangeiros em território nacional.
Não temos dúvidas que os efectivos dos Serviços de Migração e Estrangeiros vão
manter os níveis de empenho, destreza e aperfeiçoamento dos métodos de trabalho
que lhes permitem dar resposta aos permanentes desafios com que se deparam.
Mas, insistimos que os esforços para sermos bem sucedidos na contenção e
controlo do da imigração ilegal passam pelo envolvimento de toda a sociedade.
As famílias devem fazer parte da vanguarda deste combate contra as redes de
imigração ilegal e desencorajar todos quantos pretendam entrar ilegalmente no
país.
O povo angolano que já venceu tantas batalhas e sempre recebeu de braços
abertos os estrangeiros que se dispuseram a ajudá-lo a construir este país novo
que fazemos todos os dias, vai também vencer esta.
Os angolanos são, por natureza cordiais, perdoam facilmente e não hostilizam
quem vem de fora e lhes estendem a mão, mas não podem permitir que intrusos
eivados de má-fé lhes belisquem a paz que conquistaram com sangue, suor e
lágrimas.
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