quinta-feira, 4 de abril de 2013

CPLP tem de almejar novos patamares e assumir novos desafios, diz secretário executivo




JSD – APN - Lusa

Cidade da Praia, 03 abr (Lusa) - O secretário executivo da CPLP afirmou hoje que os oito Estados membros da comunidade lusófona devem pensar no futuro da organização, defendendo que já tem maturidade suficiente para, após 17 anos, almejar novos patamares e assumir novos desafios.

Murade Murargy, numa palestra intitulada "Repensar a CPLP" (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) realizada no Ministério das Relações Exteriores de Cabo Verde, na Cidade da Praia, lembrou que o contexto da criação da organização, em 1996 e então sem Timor-Leste, é diferente do atual.

"Em 1996, vivia-se um contexto mundial de fim da «Guerra Fria», de bipolarização do Mundo (entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética - atual Rússia)", sustentou.

"Angola - continuou - estava em guerra, o Brasil saía de uma crise financeira, Cabo Verde consolidava a democracia, a Guiné-Bissau vivia momentos de prosperidade, Moçambique saía de uma guerra, Portugal continuava a negociar a entrada na União Europeia (UE), São Tomé e Príncipe estava estável e Timor-Leste não existia".

Para Murargy, 17 anos mais tarde, o mundo "mudou" e o contexto dos Estados membros da CPLP também.

"Angola tem uma paz consolidada e desenvolve-se economicamente, o Brasil é a 5.º ou 6.º potência mundial, Cabo Verde mantém-se estável, a Guiné-Bissau entrou num processo complexo e difícil, Moçambique cresce a bom ritmo com a descoberta de novas riquezas, Portugal vive numa crise que é conjuntural, São Tomé e Príncipe continua a tentar consolidar a democracia e Timor-Leste entrou em cena", comparou.

Após os ganhos já conseguidos, a CPLP tem de "almejar novos patamares e assumir novos desafios", defendeu Murargy que, depois, levantou as questões que estão subjacentes a um "debate, para já, inacabado" e que deve ter em conta a perspetiva do que será a organização dentro de 10, 15 ou 20 anos.

"Que futuro para a CPLP? Que desafios se colocam hoje? Que perspetivas têm os Estados membros para a CPLP dos próximos anos? Como deverá ser a CPLP e como deverá atuar de modo a poder responder às expectativas dos cidadãos?", questionou.

Para Murargy, a CPLP não pode confinar-se a uma comunidade linguística, pois a dinâmica das suas atividades demonstra que poderá tornar-se um espaço "muito mais envolvente", abrangendo vários domínios, entre eles o potencial de cooperação nas áreas da formação, educação, cultura, defesa e segurança e económico-empresarial.

"A língua não pode ser vista como um valor meramente cultural, pois tem um valor geopolítico e geoeconómico. Esta equação confere à língua portuguesa uma implantação ímpar", defendeu.

Murargy lembrou que a "proliferação de pedidos" de concessão de estatuto de observador ou de observador associado ou ainda de adesão de um novo membro, no caso a Guiné Equatorial, abre uma "nova etapa histórica" na CPLP.

"A CPLP é um espaço de descontinuidade geográfica dos Estados membros e, consequentemente, pela inserção dos «oito» em diferentes espaços regionais. Esta é uma pertença múltipla que traz um vasto conjunto de oportunidades. Será possível encontrar áreas de convergência entre as prioridades destas organizações e a CPLP que permitam gerar sinergias e ganhos de complementaridade?", concluiu.

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