quinta-feira, 4 de abril de 2013

Quase 8% dos cabo-verdianos com mais de 15 anos já experimentou drogas ao longo da vida




JSD – JMR - Lusa

Cidade da Praia, 03 abr (Lusa) - Cerca de 8% da população cabo-verdiana acima dos 15 anos já experimentou substâncias ilícitas pelo menos uma vez na vida, indica o Primeiro Inquérito sobre a Prevalência de Consumo de Substâncias Psicoativas em Cabo Verde, hoje divulgado.

O estudo foi elaborado pela Comissão de Coordenação do Combate à Droga (CCCD) de Cabo Verde em parceria com o Sistema das Nações Unidas, através do Escritório das Nações Unidas contra a Droga e Crime (ONUDC).

Segundo o documento, 7,6% da população cabo-verdiana com mais de 15 anos já experimentou substâncias ilícitas, em que o haxixe ("padjinha", no crioulo de Cabo Verde) é a droga mais consumida (7,2%), seguida pela cocaína (0,9 por cento) e ecstasy (0,3%).

O consumo acontece cada vez mais nas camadas jovens e nos homens (14,7%), indicou a coordenadora nacional do Programa da ONUDC, Cristina Andrade, salientando que, entre o consumo de substâncias legais, o álcool figura no topo.

"O estudo abrangeu todos os (22) concelhos de todas as (nove) ilhas. Existe uma prevalência de consumo quer das drogas lícitas ou ilícitas no género masculino, com exceção dos medicamentos, como calmantes e sedativos, mas, no resto das outras drogas ilícitas, o consumo é feito maioritariamente pelos homens", explicou.

Segundo Cristina Andrade, no caso do haxixe, os jovens começam a consumi-lo cerca dos 15 anos, embora a média esteja situada em redor dos 18.

"No álcool, o consumo é feito mais cedo, aos nove anos, por vezes. De uma forma geral, a tendência mostra que a iniciação ou a experimentação é feita cada vez mais cedo, que há algumas crianças que têm contacto com as drogas, mais as lícitas porque mais aceites socialmente, mas também as ilícitas, como a canábis, e que há também um consumo que nos preocupa, sabendo nós os danos que causa à saúde dos indivíduos e mesmo socialmente, à família e à sociedade", sublinhou.

A coordenadora do Programa da ONUDC em Cabo Verde lembrou que os danos provocados pelas substâncias psicoativas, sejam lícitas ou ilícitas, causam no indivíduo alterações de comportamento, compreensão, consciência e humor.

Nas substâncias lícitas, o álcool tem uma prevalência de 63,5% entre os quase meio milhão de cabo-verdianos, enquanto o tabaco afeta 17,4% da população, com os medicamentos a representarem uma prevalência de 8,8%, o único caso em que a mulher está à frente do homem.

Os dados agora apresentados revelam números "preocupantes", embora Cristina Andrade indique que se trata de uma "base de referência e de monitorização das tendências futuras", que permitirá, ao mesmo tempo, definir políticas e estratégias de redução da procura de drogas no arquipélago.

"Exortamos o Governo a assegurar que as conclusões e os dados sejam devidamente considerados e incorporados de forma sistemática nas estratégias e programas de intervenção sobre droga e crime e que sejam tomadas medidas junto da população em geral e no seio dos grupos mais vulneráveis: crianças e jovens", concluiu.

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