Depois da Somália,
as atenções estão viradas agora para a região do Golfo da Guiné por causa de
sua importancia energética para a Europa e os Estados Unidos
Voz da América
Os especialistas
estão a trabalhar no sentido de reforçar a segurança no Golfo da Guiné, onde
está em crescendo ameaças impostas pela pirataria.
Quarenta por cento de petróleo consumido na Europa provém do Golfo da Guiné. Ao
nível dos Estados Unidos esta importação situa na ordem dos 29 por cento.
O Golfo da Guiné tornou-se num ponto de efervescência de actividades de
pirataria.
De acordo com um recente relatório do Bureau Marítimo Internacional, foram
registados 58 ataques de pirataria na região no ano passado, incluindo 10
sequestros. Quase a metade desses ataques ocorreu ao largo da Nigéria, e outros
tiveram lugar nos mares dos Camarões, Costa do Marfim, Benim e outros países da
zona.
Apenas no mês de Fevereiro de 2012, oito barcos petroleiros foram atacados.
Embarcações transportando cacau e metais destinados aos mercados mundiais foram
igualmente alvos dessas acções de pirataria.
Mas não são apenas as grandes embarcações da indústria mercantilista as vítimas
dessas acções. Os piratas mataram agentes de segurança nos Camarões, e raptaram
Patrick Aboko presidente da câmara de Kombo Abedimo, uma localidade no oeste do
país, quando viajava de barco para a Nigéria.
“Fomos raptados por três embarcações com 10 pessoas cada e fortemente armadas
até aos dentes. E surpreendentemente houve disparo de arma e alguns de nós
caímos na água e fomos apanhados pelos piratas que nos levaram para as suas
bases. De facto fomos submetidos a torturas e o governo teve que intervir.”
Por causa do crescendo dos ataques, as Nações Unidas encarregaram Abou Moussa,
seu representante especial na África Central a focalizar-se sobre acções para a
redução da insegurança no Golfo da Guiné.
Também os especialistas em segurança e os ministros da defesa da África
Ocidental reuniram-se este mês em Yaoundé, capital dos Camarões. Eles assumiram
que jamais negociariam com os piratas e que iriam usar a força e se necessária
para eliminar as ameaças impostas pela pirataria.
O General Carter Ham, o antigo comandante do Comando Africano Americano –
Africom – diz ser preciso a cooperação regional para fazer face aos crescentes
desafios que surgem no Golfo.
“Existe muito trabalho a ser feito no Golfo da Guiné. O presidente e os líderes
nos Camarões entendem ser uma responsabilidade não apenas de um país, mas de
todas as nações da região. E o que tentamos fazer é encontrar oportunidades
para muitos países se cooperarem e coordenar os seus esforços. Porque estamos
convencidos que quando estiverem a esse nível, haverá segurança no Golfo da
Guiné, e é o que nós desejamos.”
A proliferação da pirataria no Golfo da Guiné afectou o preço do petróleo. John
Drick é um especialista de segurança britânico.
“Um aumento de ataques, particularmente no Delta do Níger, provocou aumento dos
preços do petróleo. Uma repetição de instabilidades e de ataques de pirataria
no alto mar pode mais uma vez provocar disparos de preços e causar preocupações
no mercado internacional.”
Os países do Golfo da Guiné como Angola, Nigéria, Gana, Costa do Marfim,
República Democrática do Congo e Gabão, produzem mais de três milhões de barris
de petróleo diários para os mercados europeu e americano.
O alto preço do petróleo e os conflitos na região, particularmente na Nigéria
têm criado condições favoráveis a pirataria. Os observadores afirmam que se não
for controlada, a pirataria no Golfo da Guiné tem o potencial de atingir e
ultrapassar na escala as actividades de pirataria praticadas actualmente ao
largo da Somália.
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