sexta-feira, 19 de abril de 2013

EUA ACUSAM CHEFIA MILITAR DA GUINÉ-BISSAU DE TRÁFICO DE DROGA




NM – TVI24

Depois da detenção de Bubo Na Tchuto, a acusação norte-americana vira-se agora para António Indjai, líder das Forças Armadas.

O Departamento de Justiça norte-americano acusa o chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Guiné Bissau, António Indjai, de planear uma operação de tráfico de cocaína para os Estados Unidos. 

A informação foi avançada pela agência Reuters, nesta quinta-feira, citando documentos legais. Na acusação, emanada de um tribunal de Nova Iorque, constam mais três crimes, entre eles a venda de armas para os rebeldes colombianos das FARC como parte integrante da operação.

Este é o mais recente desenvolvimento num prolongado braço de ferro entre as autoridades norte-americanas de combate à droga e as estruturas militares da Guiné-Bissau. No princípio do mês, o antigo chefe da Armada guineense, Bubo Na Tchuto, foi capturado em águas internacionais perto de Cabo Verde por uma brigada de combate ao tráfico de droga norte-americana. Era procurado por alegado envolvimento no tráfico internacional de droga, sobretudo cocaína oriunda da América do Sul.

A Reuters refere fontes anónimas da investigação para sustentar que a operação visava, já então, a detenção de Indjai. No entanto, o chefe do exército terá recusado embarcar à última hora, deixando Na Tchuto com a missão de concluir um acordo onde a cocaína seria trocada por dinheiro e armas destinadass às FARC. «Não mordeu o isco», referiu um dos agentes contactados pela agência. No processo contra Na Tchuto, que continua detido em Nova Iorque, a aguardar julgamento, a acusação sustenta que o antigo chefe da Armada foi atraído a pela promessa de um milhão de dólares, a troco de uma tonelada de cocaína. 

Segundo as autoridades norte-americanas, a instabilidade política na Guine Bissau, nos últimos dois anos, acentuou o papel daquele país como placa giratória do tráfico de cocaína entre a América do Sul e a Europa. Mais de 50 toneladas de cocaína passam anualmente pela costa ocidental africana rumo à Europa, segundo dados das Nações Unidas. Para além da acusação a Indjai, também o atual chefe da Força Aérea, Ibraima Papa Camara, integra a lista de barões da droga definmida pela agência norte-americana de combate à droga, DEA.

Em abril do ano passado, António Indjai assumiu o controlo político do país através de um golpe de Estado, a que se seguiu a nomeação de Manuel Serifo Nhamadjo como Presidente de transição. A legitimidade dos novos responsáveis políticos e militares não foi, entretanto, reconhecida pela comunidade internacional, casos da União Europeia e da CPLP. 

Ainda nesta quinta-feira, o representante da ONU na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, considerou que o país está a «um passo» de se tornar um «Estado falhado», caso a instabilidade não tenha uma solução nos próximos tempos. Ramos-Horta descreveu a situação guineense como sendo de «extrema precariedade» e acrescentou: «Se o Estado existe para dar segurança, tranquilidade, saúde, educação, justiça às populações, então vemos que há extrema precariedade na Guiné-Bissau, daí para um Estado falhado é um passo. O que é necessário agora é sensibilizar o Conselho de Segurança a fazer muito mais para evitar o pior na Guiné-Bissau», disse o antigo Nobel da paz, citado pela Lusa. 

A mesma ideia é defendida pelo ex-primeiro ministro de Cabo Verde, Pedro Pires, ex-presidente de Cabo Verde, que atualmente integra a comissão antidroga da África Ocidental: «O facto de ter sido precisa uma operação norte-americana para combater o tráfico de droga mostra a debilidade do estado. Não se consegue combater o tráfico num estado onde a segurança e a justiça não funcionam», lamentou.

1 comentário:

Anónimo disse...

CHEGARA O DIA TARDE QUE SEJA

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