IMA – GC - Lusa
Lisboa, 16 abr
(Lusa) -- A presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) disse hoje no
parlamento que reduzir o investimento público na Educação abaixo de 4% do
Produto Interno Bruto (PIB), "é colocar Portugal ao nível da
Indonésia".
Ana Maria Bettencourt
esteve hoje na Comissão de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da
República, acompanhada de outros conselheiros do órgão a que preside, para
apresentar aos deputados as conclusões do relatório "Estado da Educação
2012 -- Autonomia e Descentralização", divulgado na passada semana.
Sublinhando perante
os deputados que as contas relativas ao investimento na Educação são difíceis
de fazer, porque à redução percentual em relação ao PIB é preciso também ter em
conta a diminuição que o PIB tem sofrido nos últimos anos, Ana Maria
Bettencourt defendeu que "este é o momento de olharmos para o futuro das
crianças e defender aquilo que já ganhámos".
À saída da sua
audição pela comissão parlamentar, que aconteceu um dia antes da reunião
Conselho de Ministros na qual devem ser discutidas as medidas que estão a ser
negociadas de com a troika para compensar as que foram chumbadas pelo Tribunal
Constitucional, a presidente do CNE disse acreditar que "as pessoas
percebem que o futuro passa pela educação", e frisou que "estamos a
comprometer o futuro se baixarmos muito o investimento".
"Tendo em
conta os resultados e o caminho muito bom que temos vindo a fazer penso que se
quisermos estar ao nível dos países europeus tem que haver alguma estabilidade
ao nível do investimento", declarou a presidente do CNE.
Para Ana Maria
Bettencourt há "dois extremos" intocáveis na manutenção do
investimento: a escolaridade obrigatória e os apoios para reduzir repetências e
abandono escolar, e o desenvolvimento da educação de adultos, sendo que este
último ponto está a ser acompanhado pelo CNE, que deverá emitir em breve uma
recomendação sobre o assunto.
Ainda sobre
financiamento, a presidente do CNE defendeu perante os deputados que "há
limites para a dimensão das turmas", até porque há constatações de que há
turmas de tal forma grandes que não cabem nas salas de aula, e, continuou,
ainda que perceba que a crise obriga a racionalizações, Ana Maria Bettencourt
realçou que "há coisas que é preciso ver".
A responsável
defendeu ainda que o momento de crise deve ser encarado como uma oportunidade,
sobretudo no que diz respeito à qualificação dos adultos, afirmando-se
preocupada com o facto de haver muitos adultos jovens com níveis de
escolarização muito baixa.
"Hoje há
tendência para se achar que, como há mais desemprego, então, não vale a pena
estudar. É preciso convencer as pessoas de que mais qualificações é mais
emprego, os estudos apontam para aí. Valia a pena apostar nas pessoas que estão
em casa, desempregadas", disse.
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