Ricardo Costa –
Expresso, opinião
Este Governo tem
coisas estranhas desde o princípio, a começar pela criação de megaministérios
que não funcionam nem vão funcionar e a acabar numa sub-secretária de Estado de
Paulo Portas que ninguém sabe o que faz. Mas nas últimas semanas, a estranheza assumiu
variantes bizarras. O primeiro sinal foi a notícia da saída do secretário de
Estado Almeida Henriques da pasta da Economia. A saída, na verdade, foi uma
coisa um pouco diferente. Almeida Henrique não saiu, na verdade só vai sair
daqui a dois meses. Para já, fica pela Rua da Emenda a tratar dos fundos
comunitários e só depois é que avança para a Câmara de Viseu...
O segundo sinal é
mais recente mas muito mais estranho. Como é que um ministro que se demitiu por
ser confrontado com o envio de um processo para o Ministério Público ainda se
mantém em funções? Nuno Crato avisou Passos Coelho da situação na terça-feira.
Assinou o despacho na quarta. Na quinta divulgou-o e Relvas foi obrigado a
sair.
Pelas minhas
contas, o primeiro-ministro percebeu que tinha que substituir Miguel Relvas há
exatamente uma semana. Mas ainda não o fez e Relvas ainda anda pela Gomes
Teixeira. Ora, se anda por lá é porque ainda é ministro. Nunca tinha visto um
ministro obrigado a demitir-se a ficar em funções tanto tempo. Mas, enfim, numa
época de tantas surpresas é só mais uma. E no trajeto de Relvas é só mais uma
originalidade.
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