Diário de Notícias –
Lusa - publicado por Ana Meireles
O capitão de abril
Vasco Lourenço acusou hoje o CDS-PP de fazer o papel de "pide bom" e
desvalorizou os apelos ao consenso com o PS por parte do Governo da maioria,
constituída com o PSD.
"Há o 'pide
bom' e o 'pide mau', como nós dizíamos. O 'pide bom', de vez em quando, tem de
desempenhar o seu papel. Dá a sensação de que estão a abrir que é para o
pessoal pensar que não são tão maus como os pintam", afirmou o coronel,
atual presidente da Associação 25 de Abril, à margem de uma sessão de evocação
da 'Revolução dos Cravos', num café-concerto, em Lisboa.
Para Vasco
Lourenço, os democratas-cristãos, "nalgum aspeto sim, fazem esse
papel", embora, "por outro lado, façam o papel que lhes convém para,
se houver eleições, captar votos".
"Os papéis
estão distribuídos e ele [CDS-PP] está a fazer de 'pide bom' até para dar a
sensação de que lá dentro [da coligação] há dissensões", continuou.
Sobre as mais
recentes medidas anunciadas pelo executivo liderado por Passos Coelho, o
militar preferiu não "comentar profundamente" até porque "ainda
não se conhecem bem", considerando, contudo, ser "evidente de que não
há qualquer esperança de que se alterasse a sua posição".
"Eles sentem e
a 'troika' tem de sentir, como representantes do capital financeiro e como
governadores de um Estado ocupado - que é o que hoje é Portugal -, que, de vez
em quando, é preciso esvaziar a pressão, dando a sensação de que estão a fazer
abertura, porque sabem que, de um momento para o outro, pode haver uma explosão
e violência forte e, portanto, têm de ter esse cuidado", analisou.
O antigo membro do
Movimento das Forças Armadas afirmou que o Governo tem "objetivos e não se
trata de erros de percurso", passando pelo "empobrecimento do país e
a criação de um exército de desempregados, que amochem e não levantem a
garimpa".
"Já não têm
legitimidade democrática, mas estão dentro da legalidade até porque têm o
protetor que é o Presidente da República, que deixou de ser o Presidente em
Belém para ser o residente em
Belém. São capatazes do capital financeiro ao qual estão
vendidos", concluiu.
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