Nicolau Santos –
Expresso, opinião
Miguel Relvas pediu
finalmente a demissão do Governo. Já não era sem tempo. Não era ele que estava
em causa. Era a sua falta de credibilidade que contaminava já todo o Governo.
Há duas questões
que estão por explicar. A primeira é o que levou o primeiro-ministro a segurar
tanto tempo Miguel Relvas. E a segunda é porque é que o ministro Nuno Crato
levou tanto tempo a tomar uma decisão sobre a licenciatura de Miguel Relvas, já
que as conclusões da comissão que avaliou os cursos da Lusófona já estavam há muito
em cima da sua secretária.
Em política, o que
parece é. E o que parece é que ou o primeiro-ministro tem uma enorme dívida de
gratidão para com Miguel Relvas ou então Miguel Relvas tem informações sobre o
primeiro-ministro que mais ninguém sabe. Veremos, aliás, qual será o próximo
posto de Relvas.
Quanto a Nuno
Crato, é evidente que geriu politicamente o dossiê sobre a licenciatura de
Relvas. Não é um pecado, é quando muito um pecadilho. Mas fosse outra
licenciatura que estivesse em causa, e o ministro Crato não atuaria com tanta
lentidão.
Tudo visto e
revisto, o Governo ganha com a saída de Relvas. O CDS já não disfarçava o seu
incómodo. E os ministros arriscavam-se a ouvir grandoladas cada vez que saíam à
rua por causa do efeito Relvas.
Relvas era um
morto-vivo no Governo e contaminava, com a sua falta de credibilidade, todo o
Executivo. A sua saída pode permitir um novo fôlego ao Governo para enfrentar
com sucesso as duras provas que tem pela frente.
Resta apenas saber
se esta saída não levará a uma remodelação governamental bem mais profunda. E
isto porque no Governo, embora não haja mais mortos-vivos, há seguramente
alguns ministros feridos com grande gravidade.
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