quarta-feira, 24 de abril de 2013

Portugal: RELATÓRIO PEDE MEDIDAS CONTRA SOBRELOTAÇÃO NAS PRISÕES




Jornal de Notícias

O Comité Europeu para a Prevenção da Tortura recomendou às autoridades portuguesas que encontrem soluções para erradicar a sobrelotação em quase metade do universo dos estabelecimentos prisionais em Portugal e para colmatar a insuficiência de guardas prisionais.

O relatório do comité do Conselho Europeu, a que a agência Lusa teve acesso, foi elaborado após visita a Portugal de uma delegação realizada em 2012 a 51 prisões, na altura com uma população prisional de 12.793 reclusos, registo superior ao número oficial da capacidade (12.077).

De 2002 a 2009, o comité observa que o universo de presos baixou 20 por cento, a que corresponde 10.941 reclusos, mas assinala "que, desde então, em vez de o número estabilizar, a sobrelotação cresceu para níveis sérios".

Como exemplo, refere-se no relatório que "a taxa de ocupação na prisão de Setúbal situava-se 225 por cento acima da capacidade oficial" do estabelecimento prisional, juntando-se a esta constatação "mais 19 prisões com níveis de ocupação de 130 por cento em excesso".

A delegação do Comité Europeu para a Prevenção da Tortura acrescenta ainda os exemplos de sobrelotação nos estabelecimentos prisionais de Lisboa e Paços de Ferreira.

No caso da prisão da capital, vendida a uma entidade privada em 2007, constatou-se, durante a visita da delegação, uma ocupação de 1.204 reclusos, dos quais 579 em regime de prisão preventiva, quando a lotação oficial é de 886 e o número de guardas prisionais é de 221.

Em Paços de Ferreira, o estabelecimento prisional, que alberga reclusos condenados a penas superiores a seis meses e que tem uma área de alta segurança, tinha 612 detidos, registo igualmente superior à capacidade (548).

A delegação, que fez seis visitas a Portugal para elaboração do relatório, a última das quais de 07 a 16 de fevereiro do ano passado, recolheu ainda elementos sobre alegados maus-tratos nas prisões infligidos por guardas prisionais nos estabelecimentos prisionais do Linhó, Lisboa e Paços de Ferreira.

As alegadas agressões, ocorridas de noite, consistiram em "bofetadas, burros, pontapés e golpes com cassetetes no corpo e na cabeça", como punição para "atos de insubordinação cometidos durante o dia", algumas em unidades de segurança.

O comité sublinha que "todas as formas de maus-tratos não são aceitáveis e são passíveis de sanções severas", sugerindo aos diretores das prisões de Linhó e Paços de Ferreira que "monitorizem de perto a situação nas áreas de segurança destes estabelecimentos".

Como recomendação, o relatório aponta para a necessidade de as autoridades portuguesas "reforçarem as capacidades dos órgãos competentes para investigar alegados maus-tratos", devendo ser dedicada "particular atenção para garantir que os exames médicos decorrem em conformidade com as exigências preconizadas pelo comité".

No que se refere às condições de detenção, o comité recomenda a renovação das celas de alas do estabelecimento prisional de Linhó, para que possam "acomodar mais de um prisioneiro".

O Comité Europeu para a Prevenção da Tortura recomenda ainda que as autoridades portuguesas desenvolvam esforços para assegurar que detidos com idade juvenil sejam colocados separadamente dos reclusos adultos, sugerindo "uma ala distinta".

Leia também em Jornal de Notícias

Sem comentários:

Mais lidas da semana