THE
DAILY TELEGRAPH, LONDRES – Presseurop – imagem Daniel Berehulak/Getty
Images-AFP
Segundo um novo
relatório oficial, a vaga de imigração búlgara e romena em 2014 não deverá ser
tão elevada como indicavam algumas estimativas anteriores. Mas o facto não é
razão para se ignorarem as consequências que a imigração de longo prazo terá
sobre o urbanismo e os serviços sociais, escreve o conservador “Daily
Telegraph”.
Em 2014, quando
forem levantadas as restrições temporárias impostas quando os dois países
aderiram à União Europeia, o Reino Unido e outros países europeus abrirão
os seus mercados de trabalho à Roménia e à Bulgária. Os ministros
[britânicos] deixaram claro que não podem fazer nada para impedir a entrada aos
migrantes que queiram entrar no país: até a ideia de uma campanha publicitária
destinada a convencer os candidatos a imigrantes de que, afinal, o Reino Unido
não era propriamente um paraíso foi posta na prateleira.
Portanto, a questão
não é como impedir novas chegadas mas sim se estaremos a fazer o suficiente
para nos prepararmos para elas. Nessa matéria, a resposta é um categórico não.
É evidentemente difícil fazer estimativas realistas quanto à amplitude do
afluxo, mas a última tentativa, realizada pelo Instituto Nacional de
Investigação Económica e Social a pedido do Governo, leva a ineficácia ao
extremo. Os autores concluem que “o Reino
Unido não é um dos destinos preferidos” dos búlgaros e romenos, mas acrescenta
que a situação poderá mudar.
E, sem apresentar
nada que se assemelhe a uma estimativa de números, transmite a sensação global
de que o número de entradas será bastante inferior às 50 mil por ano, previstas
pelo grupo de reflexão MigrationWatch UK,
e que não há motivos para grandes preocupações.
Menos
grandiloquência e mais planeamento
O que é
perigosamente complacente. Apesar de não se conhecer de facto qual o número de
entradas, é sem dúvida melhor estar preparado demais do que não estar
preparado. Mais uma vez, estamos em consonância com a falta de preparação mais
genérica para as consequências da imigração. Por exemplo, o elevado número de
nascimentos alimentado pelas novas entradas submeteu a pressões terríveis as
vagas nas escolas: mesmo sem um único visitante a mais, vindo de Sófia ou
Bucareste, a Inglaterra continuará a precisar de 400 novas escolas primárias
por ano, para resolver o problema. O mesmo se pode dizer em relação aos
serviços públicos.
Num importante
trabalho publicado, na semana passada, neste jornal, Frank Field e
Nicholas Soames sublinhavam que, mesmo que conseguíssemos restringir a
imigração líquida a cerca de 40 mil por ano, o que colocaria a população no
limite máximo de 70 milhões, continuaria a ser preciso construir “o equivalente
a mais uma [cidade de] Birmingham, Manchester, Liverpool, Bradford, Leeds,
Sheffield, Glasgow, Bristol e Oxford”, para arranjar espaço para os
recém-chegados. O problema é tão grave, defendiam os autores do artigo, que a
UE poderia vir a ter de suspender a livre circulação de mão-de-obra durante os
períodos de desemprego elevado.
Neste momento, são
pouquíssimas as hipóteses de isso acontecer. Compete, por conseguinte, aos
políticos – dos dois lados da Câmara dos Comuns – apostar um pouco menos na
grandiloquência e muito mais no planeamento. Têm de pensar numa forma não só de
limitar a imigração mas também de garantir que, a nível local e nacional, os
serviços públicos serão capazes de fazer face aos efeitos de um crescimento
populacional inexorável, na nossa cada vez mais sobrepovoada ilha.
VISTO DE BUCARESTE
Não é nada pessoal
“Os ingleses não
nos detestam”, assegura o site de informação romeno Hotnews:
Como dizem os
ingleses, não podemos levar a peito as coisas que fazem as delícias da imprensa
e são assunto de campanha de alguns políticos britânicos. Somos os
testas-de-ferro de uma crise económica que coincide com uma crise da União
Europeia, na qual as discussões sobre imigrantes dominam a agenda pública!
Para o site Hotnews,
no entanto, “hoje não é fácil ser-se romeno na Grã-Bretanha”. As notícias
negativas sobre romenos geram um sentimento de xenofobia “explorado por alguns
políticos como, por exemplo, Diana James, candidata do UKIP às eleições
parciais de Eastleigh, que afirmou que os romenos têm uma predileção pela delinquência!”.
Pediu desculpa mas acabou por ficar em segundo lugar, com 28% dos votos.
O site refere
ainda o facto de uma petição online, a pedir medidas contra a imigração de
búlgaros e romenos, que recolheu mais de 140 mil assinaturas, ser debatida na
Câmara dos Comuns no dia 22 de abril.
Sem comentários:
Enviar um comentário