sexta-feira, 24 de maio de 2013

Agricultores guineenses culpam governo por "má campanha" de comercialização de caju



MB – APN - Lusa

Bissau, 24 mai (Lusa) - O presidente da Associação Nacional dos Agricultores da Guiné-Bissau (ANAG), Mamasamba Embaló, afirmou hoje que a campanha de comercialização do caju "vai muito mal" e instou os agricultores a não vender o produto aos preços fixados pelo Governo.

O caju é o principal produto de exportação do país e base de rendimentos de cerca de 85 por cento da população guineense mas o presidente da ANAG entende que não está a ser comercializado "a preço justo" por culpa do Governo.

"O Governo é o principal responsável por este desastre que é a campanha deste ano. Comprar o caju ao preço de 150 francos CFA (22 cêntimos) o quilo nas mãos do agricultor é levar o agricultor à pobreza extrema", defendeu Embaló, em conferência de imprensa.

Para o presidente da ANAG o Governo "falhou" desde a altura em que abriu a campanha de comercialização do caju sem fixar o preço de referência do produto, afirmando que o mercado iria tratar disso.

Mamasamba Embaló diz que os comerciantes se aproveitaram desse facto e começaram a fixar o preço de compra do caju, prejudicando o agricultor uma vez que quase em todo o país o produto está a ser comprado a 150 francos CFA o quilo.

"Os camponeses estão na extrema pobreza com este preço e ainda podem ficar mais pobres a partir do mês de julho quando a época das chuvas estiver no seu pico. Apelo aos camponeses para que não vendam o seu caju a 150 francos CFA", afirmou Mamasamba Embaló.

O presidente da associação quer que se compre o caju ao produtor pelo menos a 250 francos CFA (38 cêntimos) o quilo, caso contrário pede aos camponeses para que "corram" com os comerciantes que não aceitam esse preço.

"Aviso aos comerciantes que não querem comprar o nosso caju a pelo menos 250 francos CFA que nos deixem em paz. Não nos responsabilizaremos por tudo o que lhes possa vir a acontecer", defendeu Embalo, que quer a intervenção do Presidente de transição do país, Serifo Nhamadjo.

O líder dos agricultores guineenses diz não entender como é possível que o caju da Guiné-Bissau esteja a ser comprado "às escondidas" na zona da fronteira com o Senegal a 400 até 450 francos CFA o quilo (mais de 60 cêntimos).

"O problema é que não nos deixam vender o nosso caju no Senegal, onde temos melhores preços", acusou Mamasamba Embaló.

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