Renato Correia – Voz da
Rússia
No ano de 1832,
durante a sua famosa viagem que renderia a teoria da evolução, Charles Darwin
passou alguns meses no Brasil onde ficou maravilhado com a diversidade vegetal
e animal, porém saiu horrorizado pelo país ser escravocrata.
No livro "O
Diário do Beagle" ele escreve "No dia 19 de agosto, finalmente,
deixamos as praias do Brasil. Agradeço a Deus e espero nunca visitar outra vez
um país escravocrata. Até hoje, ouço um grito longínquo, lembro com dolorosa
nitidez do que senti quando passei por uma casa perto de Pernambuco". O
Brasil viveria por mais meio século até chegar o fim de um periodo que havia
durado mais de três séculos de escravidão".
Nesse último dia 13
de maio completaram 125 anos da promulgação da Lei Aurea que estinguia
definitivamente a escravidão no Brasil sendo aprovada por 85 votos favoráveis e
9 votos contrários. Através dessa lei o país se tornou o último na América que
tinha mão de obra escrava, mas mesmo tendo a liberdade a situação dos mais de
um milhão de afrodescendentes continuou sendo problemática, alguns continuaram
a trabalhar nas fazendas onde já viviam porém como homens e mulheres livres e a
grande maioria seguiram com a esperança de que teriam uma terra somente sua,
mas o que se teve foi uma grande exclusão social para esses novos cidadãos
brasileiros.
A discriminação
racial foi algo que veio acompanhando os afrodescendentes desde o Brasil
Colonial e mesmo agora com leis severas contra qualquer tipo de discriminação
racial ainda existe o "racismo velado". Recentemente a TV Al-Jazeera
apresentou o documentário Open Arms Closed Doors que conta a visão de
um imigrante africano, o rapper angolano Badharo, que vive na comunidade da
Maré no Rio de Janeiro sobre o preconceito racial e seus efeitos. Nesse
documentário se vê que por mais que o Brasil seja formado por pessoas
miscigenada o preconceito é algo que ainda demorará a ser extinguido
definitivamente.
A contribuição a
cultura brasileira dos afrodescendentes foi muito grande na música, dança,
literatura, culinaria entre tantas outras. Essas influências se reflete até
mesmo no idioma com palavras que somente tem no portugues do Brasil. Segundo o
Censo de 2010 os afrodescendentes representa de 51% da população brasileira. Na
educação superior 12,8% eram negros e 13,4% pardos, mas para Eloi Ferreira de
Araujo que foi presidente da Fundação Cultural Palmares (FCP) esse número irá
mudar por causa da política de cotas: "A construção da igualdade no Brasil
está diretamente ligada à educação. Ao aprovar a constitucionalidade das cotas,
o STF já deu início a essa longa caminhada, que faz valer a nossa Constituição
e o Estatuto da Igualdade Racial em sua plenitude". No mesmo Censo também
apresenta um aumento dos afrodescentes na classe média e de pessoas em altos
cargos que antes predominavam apenas brancos.
Apesar das
melhorias conquistadas nesse um pouco mais de um século de liberdade a
população afrodescendentes ainda luta para que haja igualdade e não uma
segregação por causa da cor da pele. A nação brasileira é muito conhecida pelo
mundo por causa do samba, capoeira e feijoada que são originarios dos
afrodescendentes porém hoje isso é do povo brasileiro e não de uma cor de pele.
Uma nação que tem como idolos afrodescendentes como no futebol Pelé e
Garrincha, nas artes Machado de Assis, Aleijadinho, Pixinguinha, Cartola e
tantos outros nomes pode também viver com a certeza de que não é a tonalidade
de pele que fará um cidadão ser menos ou mais pois todos são brasileiros,
filhos da mesma pátria pela qual se deve orgulhar por ter pessoas que com
diversidade, porém o que os une é o fato de ser brasileiro.
Foto: weblog.liberatormagazine.com
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