terça-feira, 7 de maio de 2013

BISSAU VAI TER CENTRO DE HEMODIÁLISE. ALUNOS MANIFESTAM RECEIOS DE “CHUMBAR”




Lançada primeira pedra para construção de centro de hemodiálise na Guiné-Bissau

07 de Maio de 2013, 11:34

Bissau, 07 mai (Lusa) - O Governo de transição da Guiné-Bissau lançou hoje a primeira pedra para a construção de um centro de hemodiálise no país, uma obra que custará um milhão de euros, quase metade já disponibilizada pelo Japão.

A cooperação japonesa disponibilizou recentemente 300 milhões de francos CFA (458 mil euros) para o primeiro centro de hemodiálise do país.

De acordo com Fernando Vaz, ministro da presidência do conselho de ministros e porta-voz do Governo de transição, o lançamento da primeira pedra para construção do centro de hemodiálise "é uma das maiores expressões da soberania nacional".

Fernando Vaz, que esteve no ato em representação do primeiro-ministro de transição, afirmou ainda que as autoridades guineenses "têm uma profunda gratidão" ao Governo e ao povo do Japão pela solidariedade que demonstram à Guiné-Bissau "confrontada com um bloqueio da comunidade internacional".

"O contexto político não pode pôr em causa a sobrevivência de um nosso povo", observou Fernando Vaz.

O centro de hemodiálise, a ser construída de raiz no hospital Simão Mendes, deverá estar pronto dentro de cinco meses isto se o restante financiamento for conseguido, devendo depois ser equipado para que possa entrar em funcionamento ainda este ano.

O ministro da Saúde Pública da transição, Agostinho Cá, agradeceu aos que possibilitaram que, 40 anos após a independência, a Guiné-Bissau possa hoje iniciar a construção de um centro de hemodiálise e lembrou que as doenças renais "são um problema sério para a saúde pública" no país.

"Não é de hoje que se fala desse assunto. Este é um ato de grande importância para o povo da Guiné-Bissau. Toda a gente sabe a quantidade de pessoas que deixaram os seus familiares, o país, à procura de soluções para a sua saúde. Muitos morreram sem poder regressar ao país", enfatizou Agostinho Cá.

"Apelo aos nossos parceiros estratégicos para que nos ajudem a concretizar este projeto", frisou o ministro, enaltecendo que com entrada em funções do centro de hemodiálise em Bissau os hospitais portugueses ficarão também descongestionados.

Atualmente, os doentes com problemas renais da Guiné-Bissau são enviados para Portugal depois de submetidos a uma junta médica, ao abrigo de um acordo entre os dois países.

Marcelo Menezes, cirurgião português de origem guineense, um dos impulsionadores do projeto, afirmou que tem sido um dilema para os doentes da Guiné-Bissau quando vão em tratamento para Portugal.

"É um sacrifício enorme. Às vezes pensamos aqui no país que mandando um doente renal para Portugal é porque o seu problema está resolvido. É um erro", disse Menezes, explicando que só no hospital onde trabalha estão mais de 1.700 doentes com problemas renais à espera de serem atendidos.

O médico diz que devido às solicitações os doentes guineenses acabam por ficar na lista de espera.

"É por isso que quero sublinhar a importância deste evento que estamos a presenciar aqui. As doenças renais não vão baixar, temos que estar preparados. Mesmo que este centro venha a estar pronto não será suficiente para atender a todas as necessidades", observou Marcelo Menezes.

MB // VM

Alunos manifestam-se na Guiné-Bissau em dia de nova greve dos professores

07 de Maio de 2013, 12:20

Bissau, 07 mai (Lusa) - Centenas de alunos exigiram hoje o direito ao ensino junto da Assembleia Nacional da Guiné-Bissau, no dia em que os professores iniciaram mais uma greve de um mês.

Os estudantes receiam que com mais esta greve, a terceira convocada pelos sindicatos dos professores, o ano letivo esteja perdido, como disse à Lusa o presidente da Confederação Nacional das Associações Estudantis da Guiné-Bissau, Mamadu Lamine Indjai.

A manifestação, com palavras de ordem como "queremos ir à escola" ou "devolvam o nosso direito", decorreu sem incidentes e a polícia, embora presente, não fez qualquer tentativa de a reprimir, como constatou a Lusa no local.

"O ano letivo 2012/13, que devia de ser um sucesso, agora parece-nos que vai ser dos piores anos letivos", porque "as greves constantes não vão permitir que o ano possa ser validado tecnicamente, a não ser que o seja politicamente, como é costume", disse o dirigente à Lusa.

A greve foi decretada pelos dois sindicatos do setor, SINAPROF e SINDEPROF, que reivindicam o pagamento de oito meses de salários de professores novos ingressos, sete meses a professores doentes e quatro meses a contratados.

Os sindicatos estão esta manhã reunidos com o governo. A greve é de 30 dias úteis, para acabar a 17 de junho, o que coincide com o fim do ano letivo.

Caso se concretize, o ano não poderá ser considerado válido: "estamos a correr o risco de ser um ano nulo", disse Mamadu Lamine Indjai, segundo o qual os alunos já estão fartos de greves porque são os maiores prejudicados.

Com a inserção da Guiné-Bissau na comunidade regional, são abertos os concursos para instâncias como a União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA). Na Guiné-Bissau, segundo o dirigente estudantil, os cargos da UEMOA foram "conquistados por estrangeiros".

"Que tipo de capacidade é que podemos ter para podermos concorrer em termos de UEMOA? E muito menos podemos pensar em concorrer em mercados internacionais", disse Lamine Injai, que promete mais manifestações de estudantes, a próxima para ocorrer em simultâneo em todo o país.

Os professores do ensino público estiveram em greve no início das aulas, em setembro do ano passado, depois em março deste ano, e a partir de hoje de novo.

FP // APN

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