Lançada primeira
pedra para construção de centro de hemodiálise na Guiné-Bissau
07 de Maio de 2013,
11:34
Bissau, 07 mai
(Lusa) - O Governo de transição da Guiné-Bissau lançou hoje a primeira pedra
para a construção de um centro de hemodiálise no país, uma obra que custará um
milhão de euros, quase metade já disponibilizada pelo Japão.
A cooperação
japonesa disponibilizou recentemente 300 milhões de francos CFA (458 mil euros)
para o primeiro centro de hemodiálise do país.
De acordo com
Fernando Vaz, ministro da presidência do conselho de ministros e porta-voz do
Governo de transição, o lançamento da primeira pedra para construção do centro
de hemodiálise "é uma das maiores expressões da soberania nacional".
Fernando Vaz, que
esteve no ato em representação do primeiro-ministro de transição, afirmou ainda
que as autoridades guineenses "têm uma profunda gratidão" ao Governo
e ao povo do Japão pela solidariedade que demonstram à Guiné-Bissau
"confrontada com um bloqueio da comunidade internacional".
"O contexto
político não pode pôr em causa a sobrevivência de um nosso povo", observou
Fernando Vaz.
O centro de
hemodiálise, a ser construída de raiz no hospital Simão Mendes, deverá estar
pronto dentro de cinco meses isto se o restante financiamento for conseguido,
devendo depois ser equipado para que possa entrar em funcionamento ainda este
ano.
O ministro da Saúde
Pública da transição, Agostinho Cá, agradeceu aos que possibilitaram que, 40
anos após a independência, a Guiné-Bissau possa hoje iniciar a construção de um
centro de hemodiálise e lembrou que as doenças renais "são um problema
sério para a saúde pública" no país.
"Não é de hoje
que se fala desse assunto. Este é um ato de grande importância para o povo da
Guiné-Bissau. Toda a gente sabe a quantidade de pessoas que deixaram os seus
familiares, o país, à procura de soluções para a sua saúde. Muitos morreram sem
poder regressar ao país", enfatizou Agostinho Cá.
"Apelo aos
nossos parceiros estratégicos para que nos ajudem a concretizar este
projeto", frisou o ministro, enaltecendo que com entrada em funções do
centro de hemodiálise em Bissau os hospitais portugueses ficarão também
descongestionados.
Atualmente, os
doentes com problemas renais da Guiné-Bissau são enviados para Portugal depois
de submetidos a uma junta médica, ao abrigo de um acordo entre os dois países.
Marcelo Menezes,
cirurgião português de origem guineense, um dos impulsionadores do projeto,
afirmou que tem sido um dilema para os doentes da Guiné-Bissau quando vão em
tratamento para Portugal.
"É um
sacrifício enorme. Às vezes pensamos aqui no país que mandando um doente renal
para Portugal é porque o seu problema está resolvido. É um erro", disse
Menezes, explicando que só no hospital onde trabalha estão mais de 1.700
doentes com problemas renais à espera de serem atendidos.
O médico diz que
devido às solicitações os doentes guineenses acabam por ficar na lista de
espera.
"É por isso
que quero sublinhar a importância deste evento que estamos a presenciar aqui.
As doenças renais não vão baixar, temos que estar preparados. Mesmo que este
centro venha a estar pronto não será suficiente para atender a todas as
necessidades", observou Marcelo Menezes.
MB // VM
Alunos
manifestam-se na Guiné-Bissau em dia de nova greve dos professores
07 de Maio de 2013,
12:20
Bissau, 07 mai
(Lusa) - Centenas de alunos exigiram hoje o direito ao ensino junto da
Assembleia Nacional da Guiné-Bissau, no dia em que os professores iniciaram
mais uma greve de um mês.
Os estudantes
receiam que com mais esta greve, a terceira convocada pelos sindicatos dos
professores, o ano letivo esteja perdido, como disse à Lusa o presidente da
Confederação Nacional das Associações Estudantis da Guiné-Bissau, Mamadu Lamine
Indjai.
A manifestação, com
palavras de ordem como "queremos ir à escola" ou "devolvam o
nosso direito", decorreu sem incidentes e a polícia, embora presente, não
fez qualquer tentativa de a reprimir, como constatou a Lusa no local.
"O ano letivo
2012/13, que devia de ser um sucesso, agora parece-nos que vai ser dos piores
anos letivos", porque "as greves constantes não vão permitir que o
ano possa ser validado tecnicamente, a não ser que o seja politicamente, como é
costume", disse o dirigente à Lusa.
A greve foi
decretada pelos dois sindicatos do setor, SINAPROF e SINDEPROF, que reivindicam
o pagamento de oito meses de salários de professores novos ingressos, sete
meses a professores doentes e quatro meses a contratados.
Os sindicatos estão
esta manhã reunidos com o governo. A greve é de 30 dias úteis, para acabar a 17
de junho, o que coincide com o fim do ano letivo.
Caso se concretize,
o ano não poderá ser considerado válido: "estamos a correr o risco de ser
um ano nulo", disse Mamadu Lamine Indjai, segundo o qual os alunos já
estão fartos de greves porque são os maiores prejudicados.
Com a inserção da
Guiné-Bissau na comunidade regional, são abertos os concursos para instâncias
como a União Económica e Monetária Oeste Africana (UEMOA). Na Guiné-Bissau,
segundo o dirigente estudantil, os cargos da UEMOA foram "conquistados por
estrangeiros".
"Que tipo de
capacidade é que podemos ter para podermos concorrer em termos de UEMOA? E
muito menos podemos pensar em concorrer em mercados internacionais", disse
Lamine Injai, que promete mais manifestações de estudantes, a próxima para
ocorrer em simultâneo em todo o país.
Os professores do
ensino público estiveram em greve no início das aulas, em setembro do ano
passado, depois em março deste ano, e a partir de hoje de novo.
FP // APN
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