Num embaraçoso
escândalo, governo Obama é flagrado grampeando telefones de jornalistas que
investigavam bombardeios no Iêmen
Kiko Nogueira, do Diário do Centro do Mundo – Outras Palavras
O Departamento de
Justiça americano grampeou os telefones de repórter da Associated Press, num
movimento que está sendo chamado de “intrusão perturbadora”, “espionagem de
estado”, “atentado à liberdade de expressão”, “lapso fascista” e “a volta aos
tempos de Nixon”.
O grampo, em mais
de vinte telefones, foi motivado por uma investigação do governo para saber
como a AP conseguiu informações a respeito de um plano para bombardear o Iêmen.
A AP deu uma matéria sobre o plano, que envolvia um agente duplo trabalhando
para a CIA e para a Al-Qaeda.
O governo dos EUA
monitorou ligações de gente em Nova York, Washington e Hartford, no estado de
Connecticut. Numa
carta aberta, o presidente da AP, Gary Pruitt, classificou o grampeamento
como “uma intromissão sem precedentes na apuração de notícias” e exigiu que as
gravações fossem devolvidas e todas as cópias destruídas.
“Não há justificativa
possível para isso”, disse Pruitt. (Os métodos de Obama já vinham sendo
questionados desde a admissão, por parte da Receita Federal, de que as contas
de grupos conservadores, como o Tea Party, tiveram um tratamento mais rigoroso
do que o normal).
Geralmente,
invasões dessa natureza em organizações de mídia ocorrem após uma intimação
oficial. Não foi o caso. A AP afirma que o aviso de que havia sido grampeada
veio do Departamento de Estado na sexta -feira passada.
A comunidade
jornalística está batendo pesado. Para uma editora da revistaNew Yorker, Jane
Mayer, parte do problema vem da revolução tecnológica. “É muito mais fácil
hoje, para o governo, espionar a Internet e as linhas telefônicas do que era no
passado”, diz.
Jonathan Landay,
repórter dos jornais do grupo McClatchy que denunciou em várias ocasiões a
morte de civis por drones nos ataques “inteligentes” no Oriente Médio, acha que
o efeito dessas atitudes será o oposto ao desejado: “vamos nos esforçar mais
ainda no nosso trabalho. Quanto mais o governo tenta controlar informações
críticas a ele, mais danos traz à democracia”.
Sem comentários:
Enviar um comentário