Susete Francisco – Jornal
i
Investigação a
dinheiros comunitários atribuídos à Tecnoforma, quando Miguel Relvas tutelava
fundos, teve origem em queixa de Ana Gomes
O gabinete de Luta
Antifraude da União Europeia (OLAF) está a investigar o financiamento da
Tecnoforma com fundos comunitários, à data em que esta empresa era gerida por
Pedro Passos Coelho e Miguel Relvas ocupava a secretaria de Estado da
Administração Local.
A investigação
surge na sequência de uma queixa apresentada em Dezembro pela eurodeputada
socialista Ana Gomes. Na resposta, o Comissário Europeu László Andor -
responsável pela gestão do Fundo Social Europeu - confirma que o OLAF deu
início a uma investigação formal para apurar se houve má gestão ou uso
fraudulento de verbas europeias. Na missiva, divulgada ontem pela eurodeputada,
László Andor refere que já foi solicitada informação adicional às autoridades
portuguesas. Contactado pelo i, o gabinete do primeiro-ministro escusou-se ontem
a fazer qualquer comentário, não adiantando se chegou algum pedido de
esclarecimento a São Bento.
O caso Tecnoforma
foi noticiado pelo jornal "Público" em Outubro do ano passado. A
empresa, que teve Passos Coelho como consultor e gestor, conseguiu, entre os
anos de 2002 e 2004, grande parte dos fundos europeus atribuídos à região
centro para acções de formação destinadas a funcionários das autarquias locais.
Isto no âmbito do programa Foral, que estava sob a tutela do então secretário
de Estado da Administração Local, Miguel Relvas. Um dos projectos, avaliado em
mais de um milhão de euros, tinha como objectivo a formação de funcionários
municipais para funções que não existiam.
Na mira do OLAF
estará também o Centro Português para a Cooperação, organização não
governamental que Pedro Passos Coelho ajudou a criar - e que se destinava a
desenvolver projectos em países em vias de desenvolvimento, o que nunca terá
acontecido - e que teve igualmente acesso a fundos europeus.
Ana Gomes disse
ontem esperar que as autoridades europeias "façam o seu trabalho e
averiguem se houve ou não irregularidades sérias, tráfico de influências ou uso
fraudulento de dinheiros comunitários". "Interessa a todos, desde
logo aos próprios protagonistas e ao povo português, saber se o
primeiro-ministro e um ex-membro do governo engendraram ou foram instrumentais
num esquema de manipulação de fundos europeus para benefício de uma empresa
privada", sublinhou Ana Gomes, em comunicado.
O OLAF é o
organismo da Comissão Europeia que investiga os casos suspeitas de fraude que
envolvam dinheiros comunitários. De acordo com números divulgados no site do
gabinete, o OLAF recupera uma média de 100 milhões de euros por ano. Em 2011, o
tempo de duração média dos casos investigados era de 29 meses.
A Tecnoforma está
já a ser alvo de dois inquéritos, no Departamento Central de investigação e
Acção Penal e no DIAP de Coimbra. A Procuradoria-Geral da República veio dizer,
em Fevereiro último, que Pedro Passos Coelho não está envolvido nos inquéritos
judiciais.
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