Jornal i - Lusa
“Os tribunais não
devem deixar impunes os ladrões e os corruptos e devem perseguir
implacavelmente aqueles que cometeram essas irregularidades", disse Garcia
Pereira
O advogado Garcia
Pereira entregou hoje na Procuradoria-Geral da República (PGR), em Lisboa, uma
queixa-crime, a pedir que o Ministério Público apure responsabilidades, na
assinatura de contratos financeiros de risco, “swaps”, nas empresas públicas.
Questionado pela
Lusa sobre o que pretende com a iniciativa, Garcia Pereira disse querer que o
“Ministério Público investigue e leve até ao fim o apuramento das
responsabilidades, por uma série de negócios absolutamente ruinosos e
especulativos [em empresas públicas], que se traduzem em perdas de três mil
milhões de euros".
O advogado disse
ainda que, "uma vez mais, se vai tentar que sejam os trabalhadores
portugueses a suportar [estas perdas], pelos impostos e pela redução dos seus
salários e pensões,”.
“Os tribunais não
devem deixar impunes os ladrões e os corruptos e devem perseguir
implacavelmente aqueles que cometeram essas irregularidades", disse Garcia
Pereira.
"Uma
participação deste tipo simboliza que os cidadãos deste país não estão mais
dispostos a tolerar que coisas dessas possam ser feitas e sair impunes”,
prosseguiu o advogado.
Garcia Pereira
realçou ainda que alguns daqueles contratos "ruinosos" foram feitos
na Carris, onde "agora os trabalhadores estão a passar fome" e onde
"os sindicatos estão a lançar campanhas de recolha de alimentos".
Citou ainda o caso
dos trabalhadores do Metro, considerando que “têm sido sistematicamente
atacados e postos em causa pelas sucessivas administrações da empresa”, que já
teve 1,2 mil milhões de euros de perdas.
“O povo português
deve erguer-se resolutamente contra estas coisas e exigir que os responsáveis
sejam sancionados por aquilo que fizeram”.
Para o advogado,
devem ser responsabilizados administradores e diretores das empresas, diretores
e administradores dos bancos, “que são os grandes beneficiários destas
negociatas”, e os políticos “que não só permitiram como encorajaram a prática
destes atos”.
Questionado sobre a
comissão parlamentar de inquérito aos contratos “swaps”, que foi votada hoje no
parlamento, Garcia Pereira disse não ter “esperança nenhuma” de que chegue a
alguma conclusão.
Alegou que aquela
comissão conta com elementos do PS e do PSD, partidos cujos “membros de topo
estão envolvidos naquelas práticas”.
Criticou ainda o
facto de a comissão contar com a secretária de Estado Maria Luísa Albuquerque
que, enquanto foi administradora financeira da Refer, foi responsável pela
assinatura de contratos daquela género naquela empresa.
“Devem estar a
gozar com a nossa cara, seguramente”, frisou.
Em causa estão cerca
de três mil milhões de euros no perímetro das empresas públicas em
responsabilidades potenciais por utilização destes instrumentos financeiros,
que levaram à substituição dos secretários de Estado Paulo Braga Lino e Juvenal
Silva Peneda por alegadamente terem autorizado a celebração destes contratos,
enquanto dirigentes de empresas de transportes.
As operações 'swap'
em contratos de financiamento destinam-se a proteger as partes contratantes das
oscilações das taxas de juro ao trocar uma taxa variável por uma taxa fixa.
Estes contratos
implicam sempre perdas para um dos contratantes, já que existe a obrigação de
uma das partes pagar a diferença entre a taxa fixa e a variável.
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