Verdade (mz)
Não há mais volta.
Os médicos e outros profissionais de Saúde moçambicanos iniciam, nesta
segunda-feira (20), uma greve geral. Em menos de um ano esta é a segunda greve
dos profissionais seniores da saúde. Mas desta vez os homens cuja missão é
salvar vidas contam com aliados de peso: os enfermeiros. O anúncio da greve foi
feito através de um vídeo publicado no You Tube.
Jorge Arroz,
Presidente da Associação Médica de Moçambique (AMM) informa, numa mensagem de
cerca de três minutos e nove segundos, que o caderno reivindicativo foi
literalmente ignorado pelo Governo e que, por essa razão, não há mais volta a
dar.
"Infelizmente
os profissionais de saúde foram obrigados a recorrer a este último recurso,
previsto na Constituição da República de Moçambique, como forma de fazer valer
os seus direitos", refere Arroz na parte inicial do vídeo.
Não faltou, também,
uma evocação aos inúmeros sacrifícios feitos pelo pessoal de saúde em lugares
inóspitos do país e em períodos de guerra civil. "Durante vários anos,
quer no período pré-independência, quer no pós-independência bem como durante a
guerra civil, fomos os únicos profissionais que estivemos expostos à riscos e
nos locais mais recônditos deste nosso belo e amado país", reivindicam.
"A comissão
dos profissionais de saúde, uma comissão criada para expor os problemas
legítimos dos profissionais de saúde, foi a 16 de Maio corrente foi humilhada,
insultada e desprezada por uma comissão nomeada pelos dirigentes deste
país", afirmam.
A justificativa,
segundo a qual, o caderno reivindicativo é uma coisa nova foi a gota que
transbordou o copo. Refira-se que a primeira greve, em Fevereiro, foi
interrompida depois que o Governo prometeu resolver o problema dos médicos.
Nessa altura ficou
acordado que o Estatuto dos Médicos, emperrado na Assembleia da República,
seria objecto de discussão com os profissionais de saúde. As ameaças de que os
médicos eram vítimas, pelo facto de terem respondido ao chamamento da AMM,
deixariam de constituir o modis operandi de altas patentes do MISAU com recurso
aos agentes da PRM.
Sem possibilidade de
diálogo, a mensagem de Jorge Arroz revela que não há volta. "Sendo assim,
a AMM, dando prossecução às deliberações dos médicos emanada da
Assembleia-geral extraordinária de 8 de Maio, aliados a comissão dos
Profissionais de Saúde, em representação dos outros profissionais de saúde, vem
através desta informar que, não tendo sido apresentada acções nem intenções
conciliatórias francas e concretas por parte do Governo durante o período de
pré-aviso, amanhã, dia 20 de Maio de 2013, inicia a Greve Geral dos
profissionais de saúde em todo o território nacional".
O discurso de três
minutos e nove segundos termina com um pedido de desculpas: "Aos
moçambicanos e vários segmentos da sociedade civil, nós profissionais de saúde
dizemos: desculpas, mas sem que cuidem de nós é impossível exercer a tarefa de
salvar vidas."
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