Gilberto de Souza, do
Rio de Janeiro – Correio do Brasil, opinião
Para que não pareça
uma defesa intransigente da decisão do governo de contratar os médicos
cubanos, vale lembrar que, no Brasil, antes da gestão do prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad, no Ministério da Educação, e antes de Tarso Genro, hoje governador
do RS, que também foi ministro, um punhado de dezenas de outros brasileiros
desenharam o sistema educacional que hoje existe no Brasil, sem dúvida alguma
excludente, destinado às elites, privado e mercantilista.
Todos os cursos, na
maioria das universidades de ponta, como na Medicina, têm a mesma ótica
voltada para o mercado, para lucro acima de tudo. É isso que, infelizmente,
norteia o pensamento dos jovens médicos. Eles saem da faculdade em busca do
sonho dourado de comprar iPods, carros de luxo, viagens aos EUA, roupas de
grife e o que mais lhes permitir o capitalismo desvairado que campeia no
Brasil. O ponto de vista da maioria é esse, o que é uma tragédia para quem
precisa de cuidados de saúde, tanto nas capitais, nas grandes cidades e no
interior do país, principalmente. Trata-se de gente simples, sem plano de
saúde, sem dinheiro no bolso, que muitas vezes sobrevive do que consegue
arrancar do chão.
Para essas pessoas,
que muitas vezes vêem um médico uma vez na vida, geralmente perto da morte, é
impossível pagar por uma consulta, por um exame. No Brasil, onde o Estado
mantém um dos mais avançados programas do mundo, com o Sistema Único de
Saúde (SUS), a falta de médicos é uma constante que aniquila qualquer iniciativa
pública. O que o governo paga para os profissionais que contrata nem sempre é
competitivo com a realidade salarial vigente, quando a renda do trabalhador
cresce há uma década. Como impera o livre mercado, o pensamento mercantilista
em vigor faz o médico que segue na carreira pública parecer um alienado, aos
olhos dos colegas endinheirados que o cercam.
Já os valores que norteiam os médicos cubanos são outros. Não vêm ao
Brasil para fazer fortuna, até porque em Cuba, além dos puros, do ótimo rum e
bailes animados ao som do Buena Vista Social Club, não há muito mais onde
se gastar dólares acumulados, nem ninguém para acumular quinquilharias
supérfluas. Evoluíram. Vêm em busca de Saber, de conhecimento, de experiência
humana, de solidariedade. De Ciência. Essas são as moedas mais valiosas para os médicos
cubanos, para os engenheiros cubanos, para os agrônomos cubanos, para os
dentistas cubanos, para os cubanos.
O que o governo brasileiro está fazendo, ao contratar 6 mil médicos formados em
Cuba, onde a faculdade já rendeu prêmios internacionais para o Ministério
Revolucionário da Educação e o reconhecimento mundial quanto à
qualidade do ensino na Ilha, é merecedor do aplausos de todos, e não desse
festival de mesquinhez que avilta a imagem do Brasil perante o mundo. Até mesmo
os médicos brasileiros, com sorte, poderão aprender algo valioso com os colegas
do Caribe: o valor da vida humana, que não se mede em bens ou recompensas.
Gilberto de Souza é
editor-chefe do Correio do Brasil
1 comentário:
Este deve ser, de longe, o pior e mais patético artigo publicado neste blog sobre o Brasil. É um divisor do "lixo antes, lixo depois".
O governo cubano cobra U$ 11,4 mil por mês por médico cedido ao governo chavista. No entanto, estes médicos recebem apenas U$ 230 mensais na Venezuela, mais uma ajuda de U$ 46 dólares para a família, paga diretamente em Cuba. São 45 mil médicos que geram uma receita anual para a ditadura dos Castro de cerca de U$ 4,5 bilhões por ano. Se fosse no Brasil, ao dólar de hoje, cada médico cubano custaria R$ 23 mil mensais, mas ficaria com o equivalente a um salário mínimo por mês.
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