Presidente
americano e premiê turco concordam que a saída de Assad é o único caminho para
dar fim aos violentos conflitos na Síria, mas discordam sobre os meios.
O presidente dos
EUA, Barack Obama, e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan,
reiteraram nesta quinta-feira (16/07) o pedido para que o presidente da Síria,
Bashar al-Assad, deixe o poder e abra caminho para uma solução pacífica para o
conflito que, segundo ativistas, já matou mais de 90 mil pessoas.
O encontro dos dois
líderes em Washington aconteceu em meio aos esforços internacionais para reunir
o governo sírio e os rebeldes em conversações de paz nas próximas semanas,
visando o fim da sangrenta guerra civil que assola a Síria.
Em entrevista à
imprensa na Casa Branca, Obama e Erdogan reafirmaram a necessidade da renúncia
de Assad. Mas o presidente americano alertou que "não existe uma fórmula
mágica para lidar com uma situação extraordinariamente violenta e difícil como
a da Síria".
A Turquia chegou a
propor, antes da visita de Erdogan aos EUA, o estabelecimento de uma zona de
exclusão aérea sobre a Síria, mas Obama não chegou a comentar esse ponto.
O presidente
americano reluta em fornecer armamentos e munições aos rebeldes, por temer que
as armas acabem chegando a grupos extremistas, como a Al Qaeda.
Após o encontro com
Erdogan, Obama não deu sinais de mudança em sua postura. "Ambos
concordamos que Assad deve renunciar. Esse é o único modo de resolver essa
crise", ressaltou.
"Generosidade"
turca
Obama tem feito
grandes esforços para agradar Erdogan, uma vez que o governo turco dá sinais de
frustração quanto à abordagem cautelosa adotada pelos americanos em relação ao
regime de Assad.
A Turquia recebe e
abriga milhares de refugiados sírios, razão pela qual Obama elogiou o que
chamou de "generosidade" da Turquia, afirmando que os EUA continuarão
a contribuir com os custos da ajuda humanitária.
Centenas de
milhares de sírios cruzaram a fronteira de seu país com a Turquia para escapar
dos violentos combates no próprio país. Apenas metade dos que buscaram exílio
na Turquia estão em campos de refugiados. A outra parte se concentrou nas
cidades ao longo dos 9 mil quilômetros de fronteira entre os dois países.
Segundo as Nações
Unidas, o número de refugiados sírios na Turquia poderá chegar a 1 milhão até o
final do ano.
Pressões internas
Erdogan está sob
grande pressão em seu país após os ataques no último fim de semana na cidade
fronteiriça de Reyhanli. O governo turco atribuiu a agressão a terroristas
ligados ao regime de Assad.
Desde os ataques,
manifestações e protestos foram realizados em Reyhanli, assim como em outras
cidades próximas. Os manifestantes culpam a política de apoio aos rebeldes
sírios, adotada pelo governo de Erdogan, afirmando que ela é responsável pelos
problemas de segurança interna.
Os líderes mundiais
têm esperanças de que a Rússia, país parceiro do regime de Assad, possa
persuadir os sírios a participar das negociações e pôr fim aos conflitos que,
segundo ativistas dos direitos humanos, já causaram mais de 94.000 mortes.
O presidente russo
Vladimir Putin tem encontro marcado com o secretário-geral das Nações Unidas,
Ban Ki-moon, nesta sexta-feira.
A Rússia votou
contra uma moção da Assembleia Geral da ONU para condenar o que os poderes
árabes e ocidentais denunciaram como escalada dos ataques a civis. Para o
desgosto dos russos, a moção acabou sendo aprovada.
Dessa vez, apenas
107 países votaram a favor, em vez dos 133 que haviam aprovado medidas
semelhantes em agosto de 2012.
Esforço
internacional
Na França, o
presidente François Hollande afirmou que serão necessários grandes esforços
para convencer Moscou a abandonar seu apoio a Assad. "Temos que discutir
abertamente com a Rússia para convencê-la que é do seu interesse, assim como do
interesse de sua região e da paz, dar fim ao regime de Bashar al-Assad",
afirmou.
A Jordânia anunciou
que, na próxima semana, receberá o grupo Amigos da Síria, que reúne ministros
do Exterior de 11 países-chave, como o Egito, Catar, Estados Unidos,
Grã-Bretanha, França, Turquia e Alemanha.
Membros de
alto-escalão dos governos americano, britânico e francês se reuniram nesta
quinta-feira em Washington para preparar a conferência de paz.
RC/afp/ap/rtr/lusa
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