Diogo Vaz Pinto –
Jornal i
Pela primeira vez
na história do país, poder transita de forma democrática entre duas forças
políticas
O
ex-primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif clamou vitória assim que foram
conhecidos os primeiros resultados das históricas eleições que decorreram este
sábado, uma longa e disputada corrida assombrada pela violência, e que vê
regressar ao poder um líder derrubado por um golpe militar e obrigado a passar
vários anos no exílio.
Aos 63 anos e depois de ter já chefiado dois governos do país, Sharif celebrou
dados ainda não oficiais que apontavam para uma vitória clara do seu partido, a
Liga Muçulmana (PLM--N). A vitória oficial só será declarada depois da
confirmação dos resultados pela comissão eleitoral, mas Sharif terá já iniciado
uma série de contactos com os membros do seu partido, preparando o que será a
equipa que sob a sua direcção formará o novo executivo.
O PLM-N pode, contudo, ser obrigado a negociar pactos com outras forças
políticas, uma vez que poderá ficar aquém da maioria dos 272 assentos
directamente eleitos para a Assembleia Nacional. Entretanto, no discurso que
fez perante os seus apoiantes logo que se tornou aparente a sua vitória, de
acordo com a contagem feita pela televisão estatal, Sharif expressou o seu
desejo de trabalhar com todos os partidos para resolver os problemas que o
Paquistão enfrenta.
A Liga Muçulmana supera, assim, a forte campanha da antiga estrela do críquete,
Imran Khan, que assumiu um papel de destaque nas eleições, e à frente do
Movimento para a Justiça, conseguindo cativar o eleitorado mais jovem do
Paquistão. Manifestando o seu contentamento por as eleições terem contado com
um alto nível de participação – um porta-voz da comissão eleitoral garantiu que
cerca de 60% dos eleitores votaram, o que é muito comparado com os 48% que
participaram nas eleições de 2008 –, Khan mostrou-se, no entanto, desapontado
com uma série de relatos que davam conta de inúmeros casos de fraude eleitoral.
O provável líder da oposição reconheceu a derrota e felicitou Sharif.
O Partido Popular do Paquistão (PPP), que liderou a coligação do governo
cessante, como se esperava, sai muito fragilizado das eleições devido ao
descontentamento com a crise que o país atravessa.
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