Jornal i - Lusa
Manuel Clemente,
nomeado no sábado patriarca de Lisboa, defendeu hoje que os casos de abusos
sexuais envolvendo a Igreja devem ser alvo dos procedimentos previstos na
“ordem civil” e que os processos “devem andar para a frente”.
“São casos que, se
aparecerem, devem ser verificados e acompanhados. Para isso, estão previstos
uma série de procedimentos quer dentro da igreja quer na ordem civil. E nós,
como cidadãos e como pessoas da igreja temos de respeitar o que está previsto e
andar com esses casos para a frente”, sublinhou o ainda bispo do Porto.
Manuel Clemente,
que falava em declarações aos jornalistas no fim da missa a que presidiu na Sé
Catedral do Porto, recusou pronunciar-se sobre “casos concretos” e disse falar
em “termos genéricos, mas envolvidos e comprometidos”.
O novo patriarca de
Lisboa, que toma posse a 07 de julho, quis deixar um apelo para que os casos
sejam tratados “com muito cuidado” porque em causa está “a realidade mais
sensível, que é a realidade humana”.
“Trata-se sempre de
pessoas, em primeiro lugar das vítimas e de agressores que, em alguns casos já
foram vítimas. São pessoas. E por isso nunca são casos que se resolvam
rapidamente. Às vezes leva uma vida inteira a resolver. Têm de ser
acompanhados, durante os processos”, frisou.
Para Manuel
Clemente, “os casos pessoais não se resolvem como quem abre e fecha dossiês”.
Precisamente “por
causa da humanidade” que os acontecimentos envolvem, “e em primeiro lugar pelo
respeito pelas próprias vítimas”, o novo patriarca defende a necessidade da
Igreja ser “mediaticamente discreta”.
“Facilmente se
fazem juízos e isso pode danificar muito o futuro da vida mesmo quando a pessoa
se recupera. Temos de ter muito cuidado”, notou.
O atual bispo do
Porto Manuel Clemente, de 64 anos, foi no sábado nomeado patriarca de Lisboa,
sucedendo no cargo a José Policarpo, resignatário desde 2011, quando completou
75 anos, noticiou a agência Ecclesia.
Nomeado em 2007
bispo do Porto pelo papa Bento XVI, Manuel Clemente foi o vencedor do Prémio
Pessoa 2009 e é atualmente vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
(CEP), presidida por José Policarpo, e membro do Pontifício Conselho para as
Comunicações Sociais.
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