Eduardo Oliveira
Silva – Jornal i, opinião
Passos e Gaspar
mais fundamentalistas que a troika
A evocação da
Senhora de Fátima feita por Cavaco Silva é bem capaz de não se dever só a ter
sido concluída a sétima avaliação. Sabendo que o PR é especialista em frases de
múltipla interpretação, é admissível que houvesse uma intenção mais
sofisticada.
Os últimos dias têm dado azo a um conjunto de informações e análises que
permitem concluir o que era óbvio desde o início: a austeridade pesadíssima que
nos foi imposta tem mais a ver com o plano maximalista de Gaspar e Passos do
que com a troika.
Manuela Ferreira Leite, Lobo Xavier e Pacheco Pereira endossaram as
responsabilidades aos governantes nacionais. A ex-ministra admitiu que a troika
tem servido de álibi para o que se está a fazer cá, até porque deve ter
consciência de que o plano não vai dar resultado, porque agora só podemos
consolidar as contas se houver crescimento. De outro modo os esforços serão
inúteis. Lobo Xavier admitiu que a entrada em Portugal da troika foi liderada
por um aprendiz de feiticeiro chamado Passos Coelho. Brutal!
Agora que a falência do plano está à vista, o mais provável é que Cavaco
estivesse meramente a agradecer o facto de a troika ter dado o visto de
princípio à transferência de 2 mil milhões de euros, de que precisamos como de
pão para boca. Oxalá os últimos imbróglios não inviabilizem a transferência.
Gaspar e a democracia
Apesar de ser um
politicão de fina estirpe (dos que fazem a vida em cargos político-económicos
de confiança sob o manto técnico), Vítor Gaspar tem uma clara repugnância pelo
único método democrático verdadeiramente legítimo: o voto. Ao ponto de há dias
ter dito friamente que não tinha sido eleito coisíssima nenhuma. Pois não foi,
mas devia ter sido. Se fosse em Inglaterra não poderia ser ministro, porque só
pode ir para o governo quem é deputado e só é deputado quem ganha o seu círculo
uninominalmente. Ora aqui está uma fórmula que se se aplicasse cá nos teria
poupado alguns governantes desastrosos em muito anos.
Sacrificados de ontem e de hoje
Poderiam ter 60
anos em 2005 quando se reformaram. Convergência era palavra de conceito
adquirido para no futuro pensões do Estado e do privado ficarem igualadas. Nada
contra. No público já era mais estável e mesmo mais bem pago até aos níveis
intermédios. Os craques só na privada é que ganhavam bem. Agora querem
cortar-lhes 10% das pensões já. Esquecem-se que os abrangidos tinham 25 anos em
1970. Muitos foram para a guerra colonial em circunstâncias às vezes
dificílimas, mas vêem as suas bonificações postas em causa por um governo em
que está Paulo Portas. Sacrificados antes do 25 de Abril e desconsiderados
agora. Há outros, mas estes têm mesmo muitas razões de queixa.
Silva Lopes e S. Tomás
O ex-ministro disse
esta semana que concordava com o corte das pensões sabendo que até podia ser
afectado. Pudera. Foi um entusiasta das nacionalizações da banca.
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