Ana Sá Lopes e
Susete Francisco – Jornal i
O ex-Presidente
ficou furioso quando viu que o actual Presidente tinha feito um comunicado que
não correspondia
Jorge Sampaio foi o
líder da “revolta” que opôs uma parte do Conselho de Estado ao Presidente da
República a propósito do comunicado final. Quando Sampaio percebeu que Cavaco
Silva tinha um texto pronto que não correspondia ao que, de facto, se tinha
passado durante a reunião, protestou com alguma fúria perante o seu sucessor no
cargo.
Ao lado de Jorge
Sampaio, estiveram Manuel Alegre e António José Seguro, secretário-geral do PS.
Ao que o i apurou, o antecessor de Cavaco na cadeira principal do Conselho de
Estado levantou a voz contra o seu sucessor: não era aceitável que um
comunicado final não reproduzisse minimamente o que se tinha passado na reunião.
Como o i já ontem noticiou, Cavaco Silva foi obrigado a modificar o texto, mas
invocou a sua prerrogativa legal para se cingir, no comunicado final, ao
assunto que estava na agenda do Conselho de Estado – a discussão do pós-troika.
Em cima da mesa do
Conselho de Estado acabou por estar, como seria inevitável, a situação actual
do país. Entre as personalidades que fizeram críticas mais duras à austeridade
esteve Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República e segunda figura
do Estado, a seguir ao Presidente da República. Assunção Esteves é militante do
PSD e foi a escolha de Passos Coelho para ser candidata a presidente da
Assembleia da República, depois da rejeição pelos deputados da candidatura de
Fernando Nobre.
Pedro Passos Coelho
ouviu alguns conselheiros de esquerda – casos de Manuel Alegre e António José
Seguro – pedir a demissão do governo e a convocação de eleições. Um cenário
contestado por outros membros do Conselho, como Marcelo Rebelo de Sousa, que
defendeu que uma crise política criaria ainda mais dificuldades ao país.
Marcelo viria, aliás, a repetir publicamente o mesmo argumento, ao sublinhar,
na terça-feira, que eleições seriam “mais problema que solução”. Na noite do
mesmo dia, na apresentação do seu mais recente livro, Manuel Alegre também
repetiu a contra-argumentação – “A democracia não está suspensa. Não se vai
invocar a crise para evitar soluções democráticas”.
Mas uma das
intervenções que mais confrontou o primeiro-ministro no Conselho de Estado foi
a do juiz conselheiro Joaquim Sousa Ribeiro, presidente do Tribunal
Constitucional, que rebateu ponto por ponto as acusações de Passos Coelho ao
Constitucional, depois da declaração de inconstitucionalidade de algumas normas
do Orçamento para 2013.
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