MYB – APN - Lusa
São Tomé, 08 mai
(Lusa) - O cidadão português que terça-feira afirmou ter uma bomba na sua
bagagem de mão num voo de São Tomé para Lisboa vai ser julgado quinta-feira em
processo sumário, disse hoje fonte judicial à agência Lusa.
Constituído arguido
pelo Ministério Público e colocado sob termo de identidade e residência, Manuel
Ferreira, de 69 anos, garante, no entanto, que tudo não passou de brincadeira
sua.
"Foi uma
conversa sem pensar, eu não tenho nada contra o vosso país", disse aos
jornalistas sobre o sucedido no voo da STP Airways que liga São Tomé a Lisboa,
onde também viajavam o ministro português da solidariedade e segurança social,
Pedro Mota Soares e Natália Umbelina, titular dos Negócios Estrangeiros,
Cooperação e Comunidade de São Tomé e Príncipe.
Manuel Ferreira foi
constituído arguido, mas sem uma acusação formal, segundo o seu advogado, André
Aragão.
"Não podemos
nesta fase dizer que há uma acusação, vamos ver exatamente o que é que há, mas
não podemos ser categóricos dizer que há uma acusação", explicou,
acrescentando que "as pessoas foram presentes ao juiz de instrução
criminal que infelizmente não esteve disponível, mas no entanto despachou para
que ele seja julgado na quinta-feira".
"Nós estamos
num país de sistema judicial de estrutura acusatória", indicou.
O advogado do
arguido acredita que tudo não passou de "um mal entendido", baseado
"numa expressão normal usada pelo seu constituinte", acreditando que
"as coisas serão devidamente esclarecidas" durante o julgamento
marcado para o tribunal de primeira instância.
Uma fonte
responsável da Empresa Nacional de Segurança Área (ENASA) admitiu que tudo pode
ter sido, de facto uma "brincadeira de mau gosto".
Mas lembrou que
"a atitude do passageiro causou muitos danos" porque "a imagem
do país saiu beliscada com as informações que circularam depois deste episódio,
o voo atrasou-se em cerca de seis horas com os prejuízos que deste atraso
advirão e passageiros que deveriam fazer trânsito em Lisboa ficaram com
situação comprometida".
Estes factos foram
desvalorizados pelo advogado do arguido, que afirmou que "não há motivo
nenhum para alarme".
"Nós sempre
fomos um país tranquilo e vamos continuar a sê-lo", acrescentou.
O cidadão português
está a ser apoiado pela embaixada de Portugal em São Tomé e Príncipe.
BOMBA! - opinião PG
Compreende-se que a sensibilidade das pessoas e das autoridades seja na atualidade sensível à palavra bomba, ainda para mais num avião, no entanto é exagerado que a falta de humor seja corroída nas circunstâncias descritas e ocorridas com um cidadão praticamente octogenário que brincou com a palavra bomba só porque lhe observaram que a mala que transportava estava pesada. Recorde-se que atendendo à idade do cidadão "bombista" - acompanhado pela esposa - era frequente responder-se há tempos atrás daquele modo quando algo estava ou era pesado. Os mais antigos provavelmente recordam-se desse hábito em Portugal. De outras vezes respondia-se que a mala era pesada devido ao "peso do dinheiro". Existiam várias expressões para aquela circunstância.
O mais lamentável em tudo isto foi não terem compreendido a ausência de crime quando constataram que a referida mala não comportava nenhuma bomba. Os exageros e a estupidez dos elementos da justiça estão bem demonstrados neste caso. Uma pessoa daquela idade - 79 anos - merece o trato de respeito dos elementos da polícia e da justiça, de toda a sociedade em qualquer parte do mundo, sob pena, se não o fizerem, de caírem no ridículo. É aquilo em que as autoridades santomenses estão a cair, com o agravante de estarem a desrespeitar um octogenário bem disposto, cheio de humor, bem vivo.
Se o agravante das circunstâncias se prendem com o facto de naquele avião estarem presentes ministros de Portugal e de São Tomé e Príncipe o caso ainda é mais ridículo e demonstra uma dimensão de estupidez, de paranóia, de exagero, imensurável. "Felizes dos pobres de espírito", parece que é uma frase bíblica. Pena que os pobres de espírito tramem a vida aos que vivem com todo o espírito e encaram a vida com humor. Se os pobres de espírito são felizes por isso, por serem paranóicos, ridículos, são realmente mesmo pobres. (Redação PG)
Áudio: Já agora... uma bomba - em especial para o cidadão octogenário rodeado de paranóicos.
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