FP – APN - Lusa
Bissau, 23 mai
(Lusa) - Os sindicatos dos professores do ensino público da Guiné-Bissau
levantaram hoje a greve que decorria desde dia 08 e apelaram aos professores
para que regressem às aulas a partir de agora.
A greve foi
desconvocada depois de o governo ter satisfeito parte das exigências dos
professores e na sequência também de um "frutuoso encontro" na
quarta-feira com o representante do secretário-geral das Nações Unidas em
Bissau, José Ramos-Horta.
Num comunicado hoje
divulgado pelas duas organizações sindicais que convocaram a greve, o Sindicato
Nacional dos Professores e o Sindicato Democrático dos Professores, afirma-se
que José Ramos-Horta prometeu "evidenciar as diligências junto das
organizações internas e internacionais para que as dívidas salariais para com
os professores sejam pagas", e que no levantamento da greve se ponderou o
pedido nesse sentido de Ramos-Horta.
A greve, que foi
convocada para durar até meados do próximo mês, destinou-se a reivindicar oito
meses de salários em atraso.
Segundo os
sindicatos, o governo pagou na semana passada dois meses de salários em atraso
a professores em processo de efetivação e de novos ingressos do ano letivo
2011-12, estando em curso o pagamento de um mês de salário aos professores de
novos ingressos 2012-13 e aos professores contratados.
Hoje em declarações
aos jornalistas após uma audiência com o Presidente de transição, Serifo
Nhamadjo, o representante da ONU disse ter apelado aos sindicatos para que
fizessem uso da sua sensibilidade enquanto pais e que compreendessem "as
enormes dificuldades que o país atravessa", levantando a greve para tentar
"recuperar o ano escolar".
"Os
sindicalistas reagiram muito bem", disse Ramos-Horta, que acrescentou ter
discutido o assunto com Serifo Nhamadjo, sendo agora necessário o governo
resolver o problema, para o qual terá o apoio das estruturas da ONU.
As duas estruturas
sindicais, segundo o comunicado, vão agora continuar a negociar o pagamento das
restantes dívidas em atraso e exigir a conclusão do processo de efetivação dos
professores e reclassificação dos mesmos, outras das exigências.
Esta foi a terceira
greve dos professores do ensino público da Guiné-Bissau no presente ano letivo,
todas marcadas para durar pelo menos um mês. A primeira em setembro, que
coincidiu com o início do ano letivo, e a segunda em março deste ano.
Em março e este mês
alunos do ensino público manifestaram-se em frente da Presidência da República
e da Assembleia Nacional a exigir o fim das greves e o direito de terem aulas,
receando que com tantas ausências a matéria não fosse dada e o ano letivo fosse
considerado nulo.
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