FP – JMR - Lusa
Bissau, 23 mai
(Lusa) - O representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau, José
Ramos-Horta, pediu hoje à União Europeia que retome os apoios ao país, através,
por exemplo, da UNICEF, acrescentando que sanções afetam milhares de crianças.
"Que encontrem
mecanismos de apoio à Guiné-Bissau que não afetem os princípios que defendem,
que é de zero tolerância em relação a golpes de Estado", disse Ramos-Horta
após uma audiência com o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, a propósito
da turbulência no setor da Educação, com greves constantes dos professores por
falta de salários.
Ramos-Horta
salientou que os vizinhos da Guiné-Bissau, agrupados na Comunidade Económica
dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), têm sido "muito generosos e
solidários e têm contribuído", e pediu à "União Europeia e a
outros" para que repensem também as suas políticas.
Esse apelo, frisou,
já o fez diretamente aos embaixadores da União Europeia junto das Nações
Unidas, quando da sua recente deslocação à ONU.
"Encontrem
outros mecanismos de apoio, agora sancionar, retirar todo o apoio, que afeta
diretamente milhares e milhares de crianças? não sei como é que isso pode fazer
valer os princípios que a União Europeia e outros defendem", disse.
No entender de
Ramos-Horta podem ser encontradas "medidas criativas" e se "a
União Europeia e outros" não podem ajudar diretamente a Guiné-Bissau por
causa das sanções podem canalizar essa ajuda através da UNICEF.
"Que seja a
UNICEF a desembolsar as ajudas para poder permitir às crianças retomar as
escolas, já não seria a União Europeia e o governo da Guiné-Bissau mas seria a
UNICEF ou outras agências da ONU", defendeu.
A intervenção de
Ramos-Horta foi importante para que os sindicatos dos professores
desconvocassem hoje a greve no ensino público que vinha decorrendo desde o
passado dia 08, conforme reconheceram os próprios sindicatos, que se reuniram
na quarta-feira com o representante da ONU em Bissau.
Na sequência de um
golpe de Estado a 12 de abril do ano passado a maior parte da comunidade internacional,
União Europeia incluída, cortou os apoios ao governo da Guiné-Bissau. A União
Europeia não reconhece o atual governo de transição.
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