Jornal de Angola –
editorial - 22 de Junho, 2013
Melhorar a situação
dos antigos combatentes, veteranos da pátria, viúvas e órfãos tem sido uma
preocupação permanente das instituições do Estado que, com os seus parceiros,
procuram soluções e respostas adequadas aos problemas que surgem no quotidiano.
No contexto do
desenvolvimento, da reconstrução das infra-estruturas e da reconciliação
nacional é um passo importante reconhecer a contribuição dos antigos
combatentes e veteranos da pátria à causa da Independência Nacional e defesa da
pátria. Sem o seu esforço, sem os sacrifícios que fizeram e as vidas que
sacrificaram nada hoje seria possível. Fazer tudo para que os antigos
combatentes e veteranos da pátria sejam acarinhados e apoiados não é um favor
nem representa um privilégio para com estes angolanos de eleição, cujos
esforços culminaram na paz e estabilidade de que todos gozamos.
Há ainda muito a fazer para que a vida com dignidade e qualidade seja uma
realidade entre todos os que lutaram ou tiveram parentes que se entregaram à
causa da libertação da pátria e à preservação da soberania nacional.
A guerra deixou profundas marcas no tecido social angolano. Basta olhar para o
elevado número de portadores de deficiência por acção directa e indirecta do
conflito armado. É grande o número de viúvas e de órfãos. Mas é ainda maior o
esforço que as instituições do Estado fazem para que nada lhes falte. Nesta
tarefa que dignifica os políticos no poder, deve colaborar a sociedade sem
reservas nem restrições. Se todos beneficiamos dos sacrifícios consentidos e que
foram até à oferta da vida no altar da pátria, também todos somos chamados a
dar um tratamento especial às viúvas e órfãos de guerra.
Angola tem mais de cem mil pessoas portadoras de deficiência por causa da
guerra de décadas. Esta é uma das razões que levou o Executivo a lançar
iniciativas no sentido de proporcionar dignidade e bem-estar a todos os que
pegaram em armas para libertar a pátria e sofreram as sequelas da guerra. Ao
lado do surgimento de várias organizações, têm sido criadas leis e regulamentos
para beneficiar os que lutaram para a paz e estabilidade que vivemos. Importa
que as organizações da sociedade civil ligadas aos antigos combatentes,
veteranos, portadores de deficiência, viúvas e órfãos de guerra tenham melhor
funcionamento. E, para minimizar a dispersão de esforços, era bom evitar a
proliferação de várias organizações à semelhança do que sucedia até bem
recentemente com os partidos políticos. Não se pode confundir a defesa dos
interesses dos antigos combatentes e veteranos de guerra com a criação de
partidos políticos e com o mero exercício político.
Os passos legislativos empreendidos no sentido de garantir direitos e
benefícios aos antigos combatentes e veteranos de guerra são fundamentais. A
Lei-Quadro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, que vigora há mais de
dez anos, carece de actualizações que vão tornar a vida dos beneficiários,
melhor e mais digna. Para que essa actualização seja eficaz, são necessárias
contribuições de todas as forças vivas da sociedade civil, ao lado dos
parlamentares e das organizações ligadas aos antigos combatentes e veteranos de
guerra. São iniciativas inclusivas que visam garantir o apoio do Estado a
todos, sem excepção, numa altura em que o país consolida a estabilidade,
democracia, os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos. As instituições
do Estado e os seus parceiros demonstraram abertura para o diálogo na procura
de soluções dos problemas que afectam as famílias angolanas.
Sabemos por experiência própria que a maioria das famílias angolanas tem
parentes que deram o seu contributo para preservar a soberania, a integridade e
as instituições democráticas. Praticamente todas as famílias viram os seus
jovens contribuir para o esforço de guerra e poucas escaparam ao luto. Essa é a
realidade arrasadora e que nos devia fazer pensar a todos, sobretudo aos que
ignoram o passado e querem solução imediata para os problemas que vivem hoje.
Enriquecer a Lei 13/02, promulgada a 16 de Setembro de 2002, como pretendem os
representantes de 29 associações nacionais, parceiras do Ministério dos Antigos
Combatentes e Veteranos da Pátria, pode ser um passo decisivo. Existe uma
crescente consciência e entendimento por parte das famílias angolanas de que os
problemas ligados aos antigos combatentes, veteranos da pátria, viúvas e órfãos
de guerra são problemas de toda sociedade.
Todos os angolanos, independentemente da filiação política e partidária, da
crença religiosa e origem étnica, são chamados a dar o seu contributo. Os
deputados da Sétima Comissão de Especialidade da Assembleia Nacional esperam
importantes contribuições por parte dos parceiros do Executivo para que a
futura lei esteja mais próxima da realidade da sociedade angolana. Angola
precisa de uma lei que esteja à altura das necessidades dos antigos combatentes,
portadores de deficiência, desmobilizados, viúvas e dos órfãos de guerra,
veteranos da pátria e idosos.
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