FP – APN - Lusa
Bissau, 06 jun
(Lusa) - O representante da ONU na Guiné-Bissau alertou hoje que a comunidade
internacional só apoiará o país quando houver um governo inclusivo e um
calendário eleitoral que leve a eleições em novembro.
Esses compromissos,
além da eleição dos representantes da Comissão Nacional de Eleições, "são
essenciais para as prioridades de garantir o apoio da comunidade internacional
e da restauração da ordem constitucional", disse José Ramos-Horta.
Nesta matéria
"a comunidade internacional está alinhada", disse, acrescentando:
"todos os parceiros o exigem e não poderá haver dúvidas sobre o rigor
destas exigências da comunidade internacional".
Falando numa sessão
de apresentação do Relatório de Desenvolvimento Humano deste ano do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Ramos-Horta disse que a
apresentação de um governo inclusivo, que está a ser discutido desde abril,
seria "um grande passo para a estabilização da situação política" na
Guiné-Bissau.
O primeiro-ministro
de transição, Rui de Barros, está a preparar um novo governo, que a comunidade
internacional pretende que seja mais inclusivo. Hoje também esteve presente na
sessão mas nada disse sobre o assunto, ainda que o Presidente da República já
tenha dito que o novo governo seria apresentado esta semana.
Aos jornalistas o
representante do secretário-geral da ONU disse entender as dificuldades em
formar um novo governo, acrescentando que quando isso acontecer as Nações
Unidas vão procurar que sejam levantadas as sanções contra o país, impostas
após o golpe de Estado de 12 de abril do ano passado.
Ramos-Horta, que na
sexta-feira parte para Angola ("um parceiro importante na União Africana e
na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa" e que "pode contribuir
para o bem estar da Guiné-Bissau"), disse esperar que o Partido Africano
da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) participe no novo governo.
Os dois principais
partidos, PAIGC e Partido da Renovação Social (PRS), recusaram num primeiro
momento participar no governo mas o PRS já disse que viabilizava a proposta de
Rui de Barros. O PAIGC foi inconclusivo.
"Seria
lamentável que depois de tanto esforço do Presidente da República, do
primeiro-ministro e da comunidade internacional que o PAIGC se declarasse fora
deste baralho", mas acredito que haverá "inteligência e sentido de
Estado" por parte do partido, disse Ramos-Horta quando questionado pela
Lusa.
No discurso que fez
durante a cerimónia do PNUD lembrou ainda que é necessário um "largo
consenso" para um governo de unidade nacional após as eleições, que só
assim terá apoio da comunidade internacional.
E disse que já
propôs a criação de uma comissão, envolvendo o Presidente, o governo e
representantes da comunidade internacional, destinada a definir prioridades até
final do ano e para o próximo ano e para organizar uma conferência de parceiros
para depois das eleições.
Ramos-Horta lembrou
que a situação económica e social que se vive "é preocupante", com
greves, não pagamento de salários e "fortes possibilidades" de a
segurança alimentar estar em risco.
No relatório do
PNUD a Guiné-Bissau aparece em 176.º lugar numa lista de 186 países. Gana
Fofang, representante especial adjunto do secretário-geral da ONU e responsável
do PNUD, lembrou-o no seu discurso.
Mas disse também
que o PNUD "continuará a ser um parceiro de desenvolvimento da
Guiné-Bissau singularmente posicionado para uma cooperação duradoura".
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