FP - VM - Lusa
Bissau, 04 jul
(Lusa) - O ministro das Finanças do Governo de transição da Guiné-Bissau
alertou hoje os empresários envolvidos na campanha de caju para a necessidade
de escrita organizada como condição para empréstimos bancários, afirmando que
"dinheiro não falta".
"Não há falta
de dinheiro, há necessidade de organizar as empresas", disse Abubacar
Demba Dahaba numa conferência de imprensa, na qual falou também da difícil
situação económica que a Guiné-Bissau atravessa.
A época da apanha
do caju é por norma a que representa mais receitas para o Estado mas também ela
não tem corrido da melhor forma este ano. O ministro disse por exemplo que os
operadores envolvidos na campanha do caju são os mesmos que importam
mercadorias e bens de consumo, que são tributadas, e que agora por causa do
caju as importações abrandaram.
"Normalmente,
é um período de alta mas há dificuldades de receitas", disse.
Demba Dahaba já
tinha falado há cerca de duas semanas na questão da necessidade e as empresas
terem escrita organizada, mas hoje convocou os jornalistas para falar apenas
dessa questão, explicando que o Banco Central da União Económica e Monetária
Oeste Africana (UEMOA) tem disponível, para ajudar a campanha agrícola
guineense, 53 milhões de euros (35 mil milhões de francos CFA).
"As empresas
que têm escrita organizada não vão ter problemas de dinheiro para financiar a
atividade", disse o ministro, alertando para a necessidade de se
apresentar o balanço dos três últimos anos de atividade para que os bancos
possam emprestar dinheiro.
O Governo de
transição da Guiné-Bissau quer sensibilizar os empresários para a necessidade
de terem escrita organizada, mas igualmente as instituições bancárias para que
façam um trabalho também de sensibilização, porque se o país continua "na
informalidade" no futuro pode ficar "completamente bloqueado".
Além do dinheiro da
UEMOA, há ainda um fundo de três milhões de dólares (2,2 milhões de euros)
oferecido pelo Kuwait, que já está disponível e que também pode ser utilizado,
disse o responsável.
Demba Dahaba
lembrou que na sequência do golpe de Estado do ano passado muitos projetos e
financiamentos externos foram cancelados, o que levou a que a economia
regredisse em 2012. Para este ano está previsto um crescimento de 3,5% mas
"a saúde da economia não é boa", admitiu.
Há mais de um mês
que se discute na Guiné-Bissau a formação de um novo Governo de transição, mas
até agora nada foi decidido. O ministro lamentou que na Guiné-Bissau se façam
leituras políticas, mas que ninguém tenha o cuidado de "fazer a leitura
das consequências económicas" das situações de incerteza.
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