Correio do Brasil,
com ACSs - de Quito
O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta capital, a homenagem do presidente
Rafael Correa, que lhe conferiu a medalha da Ordem Nacional de San Lorenzo, a
mais antiga do país, instituída por ocasião da independência do Equador, em
1809. Posteriormente, Lula falou no Teatro Nacional de la Casa de La Cultura a
uma plateia de mais de dois mil equatorianos sobre as conquistas e desafios da
integração latino-americana, um dos eixos de trabalho do Instituto Lula. À
noite, Lula e Rafael Correa jantaram juntos.
Durante a entrega
da condecoração a Lula, Rafael Correa destacou a importância do Brasil para a
América Latina, “um país onde tudo se conta com seis ou até sete zeros e Lula
soube contar com o coração para mudar a vida de milhões de pessoas”. Correa
disse que o ex-presidente brasileiro, por seu trabalho em favor da democracia,
da diminuição das desigualdades e pela aproximação entre os povos
latino-americanos, “é um do maiores artífices modernos da grande pátria com que
sonhamos”.
– É um privilégio,
para mim, conceder-lhe a condecoração da Ordem Nacional de San Lorenzo como
demonstração de respeito, admiração e carinho profundo que sente nosso povo
pelo presidente Lula – afirmou Correa.
Em seu discurso, o
presidente Correa lembrou as origens de Lula e disse que ele é um dos
principais protagonistas das transformações pelas quais o continente vem
passando.
Recém-eleito para o
seu terceiro mandato, Correa acrescentou que Lula é merecedor da condecoração
por seu trabalho pela democracia, pela integração da América Latina, na luta
contra a pobreza e por promover a aproximação e a amizade natural entre os
povos brasileiro e equatoriano.
Bolsa Família
Lula, por sua vez,
voltou ao tema que embalou seus dois mandatos, no Brasil, e pregou uma política
voltada em favor dos pobres. O tema foi abordado enquanto ele esteve na
Colômbia, no Peru e, na noite passada, no Equador.
O líder brasileiro
destacou também o papel dos governos de esquerda na América Latina, que
passaram a olhar os pobres não mais como problema, mas como solução. Contou que
o Bolsa Família, que muitos no Brasil chamavam de puro assistencialismo, foi
essencial para que o Brasil não sofresse mais com a crise internacional. “O
dinheiro na mão do pobre faz a economia girar, e é por isso que a América
Latina dá certo”.
O programa de
transferência de renda do governo federal lançado durante sua gestão teve que
enfrentar, segundo Lula, críticos que diziam que era impossível aumentar o
salário mínimo sem aumentar a inflação. O ex-presidente lembrou que o salário
mínimo teve aumento em todos os anos de seu governo, sem causar inflação. Pelo
contrário, lembrou, 36 milhões de pessoas saíram da miséria, 40 milhões
ascenderam à classe média e foram criados 20 milhões de empregos formais.
Lula lembrou da
época em que todas as atenções dos governos latino-americanos estavam voltadas
apenas para Estados Unidos e Europa.
– A corrente
comercial no Mercosul era de apenas US$ 10 bilhões. Dez anos depois está em US$
50 bilhões. Na América do Sul, subimos de US$ 15 para US$ 70 bilhões; e, na
América Latina, de US$ 20 para mais de US$ 90 bilhões – contabiliza.
Mas essa integração
não pode ser apenas comercial, como destacou o ex-presidente. Depois que deixou
a Presidência e fundou o instituto que leva seu nome, Lula tem trabalhado pela
integração latino-americana.
– É preciso criar
uma doutrina de integração latino-americana. Por isso estou me dedicando a
falar com estudantes, sindicalistas, intelectuais, empresários, movimentos
sociais… – afirmou.
Como no encontro
com jovens em Lima, no Peru, Lula concluiu seu discurso com palavras de
incentivo aos equatorianos para que participem da política.
– O político
perfeito que nós queremos não precisa estar dentro do outro, pode estar dentro
de nós. A América Latina necessita muito de vocês para que nunca mais haja
retrocesso. Muitos têm preconceito contra a política, dizem que não gostam de
política. Mas saibam que fora da política não há solução. Todas as vezes em que
a humanidade renegou a política, o que veio depois foi muito pior – concluiu.
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