Jornal i - Lusa
O BE acusou hoje o
Governo de "branquear o envolvimento" da secretária de Estado do
Tesouro no caso dos contratos ´swap' e considerou que confiar-lhe o processo de
renegociações é como "entregar um julgamento a um dos arguidos".
Numa declaração
política no Parlamento, a deputada do BE Ana Drago criticou a manutenção no
Governo de Maria Luís Albuquerque, ex-responsável financeira da REFER, quando
já foram demitidos "com estrondo" outros dois secretários de Estado
que anteriormente participaram na gestão de empresas públicas.
"Há uma
secretária de Estado que resiste, continuando sentada ao lado do ministro Vítor
Gaspar, tendo responsabilidades diretas nesta história", afirmou a
parlamentar bloquista.
Drago referiu que
"quando o Governo tomou posse foi avisado" sobre os "contratos
de seguro de risco assumidos por empresas públicas", que "tinham
caraterísticas tóxicas altamente especulativas", e ao longo de um ano e
meio "nada fez para travar a bola de neve", já "superior a 3000
milhões de euros".
"Um ano e meio
de inação de Vítor Gaspar tornou-se rapidamente numa única e deliberada ação,
proteger a face do Governo, separar Maria Luís Albuquerque dos restantes
gestores públicos, dois dos quais ocupavam entretanto lugar no Governo",
acusou.
A deputada do BE,
que integra a comissão de inquérito aos contratos ´swap', considerou que
"entregar a condução do processo a Maria Luís Albuquerque é como entregar
o julgamento a um dos arguidos", acusando o executivo de "ligeireza
no acautelamento do dinheiro dos cidadãos" e de não seguir recomendações
do IGCP para uma "ação mais musculada".
"Como o que
começa torto tarde ou nunca se endireita, em fevereiro, Maria Luís Albuquerque
solicita à Inspeção-Geral de Finanças uma auditoria ao Metro de Lisboa, Metro
do Porto, Carris, CP, STCP, EGREP, mas não pede nenhuma à REFER, a mesma REFER,
recorde-se, cuja pasta financeira havia sido ocupada por Maria Luís
Albuquerque", assinalou.
Após a declaração
da deputada bloquista, a vice-presidente da bancada do PSD Teresa Leal Coelho
sublinhou que o inquérito parlamentar a estes contratos de alto risco foi
proposto pela maioria e acusou o BE de querer "fazer arruaça
política" antes de as conclusões serem conhecidas.
"Se estivesse
interessada nas conclusões da comissão de inquérito não vinha no início dos
trabalhos trazer para a praça pública esta intervenção intempestiva, não faz
nenhum sentido falar disto antes de ter conhecimento de causa sobre o
assunto", advogou Leal Coelho.
Ana Drago ripostou
que se o PSD está "interessado em apurar a verdade" deve
"contribuir para que haja respostas" e lamentou que o Governo esteja
a renegociar estes contratos "à revelia da comissão de inquérito".
A bloquista disse
ainda que há três contratos "que desapareceram" do relatório enviado
para o Parlamento: "Há oito contratos em vigor e cinco no relatório,
queríamos saber o que aconteceu a esses três".
As bancadas do PS e
do PCP associaram-se às críticas feitas pelo BE à gestão feita pelo Governo do
processo das ´swap'.
"O PS entende
que o Governo tem estado muito mal neste processo, conduzido com total
opacidade", afirmou o socialista Filipe Neto Brandão.
O deputado do PCP
Paulo Sá defendeu que o executivo deve explicações e criticou a linha
"assumida na negociação" destes contratos.
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