… para que
retomemos as nossas actividades”
Verdade (mz)
A Comissão dos
Profissionais de Saúde Unidos (CPSU) reiterou, esta segunda-feira (10), em
Assembleia Geral Extraordinária, que os seus agremiados só voltarão a reassumir
as suas funções nas diferentes unidades sanitárias quando o Governo satisfazer
suas reivindicações ou aceitar dialogar no sentido de se encontrar um
meio-termo em relação às causas da greve, apesar de haver alguns trabalhadores
que se deixam intimidar pelas ameaças e, por via disso, abandonam a luta pelos
seus interesses e da maioria.
Segundo a CPSU, o
objectivo desta greve, que dura há 22 dias, não é o de desestabilizar os
serviços de saúde, mas manifestar o desagrado da classe em relação ao
tratamento que o Executivo dá aos que têm a tarefa de cuidar dos enfermos e de
outros cidadãos que se dirigem aos hospitais quando não gozam de um estado de
completo bem-estar físico, mental e social.
“Dizem que devemos
voltar para os nossos postos de trabalho, mas nós não desistimos deles, só
estamos deste lado (da greve) porque esperamos que alguém (o Governo) nos diga
alguma coisa. Não basta simplesmente apelar para que retomemos as nossas
actividades”.
A CPSU disse que já
manteve quatro encontros com o Ministério da Saúde (MISAU) mas todos eles
fracassaram. É que ao invés de dialogar, o pelouro sob a alçada de Alexandre
Manguele prefere “nos chamar de vândalos, agitadores e doutros nomes que
ninguém gosta…”
Na Assembleia Geral
Extraordinária da CPSU estavam presentes mais de 100 trabalhadores, entre
enfermeiros e serventes. A tónica dominante foi de que um profissional de
saúde, sobretudo o servente, deve merecer respeito, consideração e
reconhecimento por parte do Governo.
Um servente, cujo
seu trabalho é marginalizado, supostamente porque pode ser executado por
qualquer pessoa sem instrução académica, deve ser tratado com humanismo e a sua
tarefa “deve ser categorizada”.
A CPSU disse que
não pretendia recorrer à greve como um caminho para resolver os seus problemas,
contudo, a demora do Executivo em resolver as tais inquietações não ditou outra
alternativa. Aliás, disse que a greve, perante a letargia do Governo em
melhorar os salários e as condições de trabalho nos hospitais, é uma resposta
às palavras do Presidente da República, Armando Guebuza, segundo as quais “a
pobreza está nas nossas cabeças”. E “a greve é a forma que encontramos para
resolver a tal pobreza”.
Num outro momento
da Assembleia Geral Extraordinária da CPSU, um dos membros disse: “um dirigente
disse que o Governo não chamou a ninguém para trabalhar na saúde, mas eu fui
chamado e obrigado para trabalhar nesse sector. Não tinha como fugir porque
confiscaram a minha documentação, há mais de 30 anos. Nessa altura, um
profissional de saúde merecia respeito na sociedade e era visto como pessoa,
contrariamente ao que acontece nos dias actuais. Eu como técnico de saúde,
quando acontece algum incidente na rua, prefiro me esconder para que não saibam
que faço parte da saúde. A sociedade olha para um profissional de saúde com
indiferença e, por vezes, com desdém. A culpa disso tudo é o Governo”.
Num outro
desenvolvimento, a CPSU repudiou o trabalho dos dirigentes da Associação
Nacional dos Enfermeiros de Moçambique (ANEMO) alegadamente porque defendem os
interesses do Executivo e do partido Frelimo em detrimento dos seus agremiados.
Por isso, gritou-se, no Cine Teatro Gilberto Mendes, em uníssono, “fora ANEMO”.
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