Jornal Notícias
(mz)
A porta-voz do
Ministério da Saúde, Francelina Romão, disse ontem em Maputo, durante uma
conferência de imprensa, que ainda não estão a ser dados grandes passos no
diálogo com a Associação Médica de Moçambique (AMM), quando entramos hoje no
13º dia da greve convocada por esta classe de profissionais de saúde,
reivindicando melhores salários.
A mesma fonte
indicou que isso deve ao facto da direcção da AMM continuar a exigir que a
equipa do MISAU seja composta por quadros superiores entretanto, segundo ela,
não identificados.
A mesma acusação
foi recentemente apresentada pela AMM ao afirmar que não concordava com a
equipa do MISAU porque é habitualmente renovada. “Cada dia é substituído um dos
componentes do grupo e isso perturba o diálogo”, refere a AMM.
Entretanto, os
enfermeiros e pessoal de apoio que continuavam a trabalhar no Hospital Geral
José Macamo, na cidade de Maputo, aliaram-se à greve dos médicos.
Esteve por detrás
desta paralisação um suposto pagamento semanal de cinco mil meticais aos
profissionais de saúde que por inerência de funções foram afectos à Direcção de
Saúde da Cidade bem como ao Ministério de Saúde (MISAU), mas que, por causa da
greve, deixaram os seus postos e foram prestar serviço nas diferentes unidades
sanitárias.
A saída deste grupo
de trabalhadores fez com que alguns serviços do “José Macamo” fossem prestados
apenas por pessoal ligado à chefia com assistência dos estudantes dos
Institutos de Saúde e dos voluntários da Cruz Vermelha de Moçambique.
Por seu turno,
pronunciando-se sobre a paralisação registada ontem no “José Macamo, a
porta-voz do MISAU, Francelina Romão, disse em conferência de imprensa, que não
constituía verdade a alegação de que os profissionais destacados para as
unidades sanitárias da capital estariam a receber algum pagamento diário ou
semanal.
“Não é verdade que
há gente que esteja a receber um valor extra por estar a trabalhar nestes dias.
É um boato que está a ser espalhado pelas pessoas que pretendem paralisar ou
prejudicar o sistema nacional de saúde”, afirmou Romão.
GREVE NÃO SE FAZ
SENTIR EM CABO DELGADO
Pelo menos até
ontem, décimo segundo dia do inicio da greve geral decretada pela Associação
Médica de Moçambique (AMM), não tinha se registado ainda nenhuma paralisação
das actividades em Cabo Delgado em todas 17 unidades sanitárias existentes
nesta parcela do país, segundo fez saber a respectiva directora provincial de
saúde, Sãozinha Agostinho, que acrescentou que médicos, técnicos, enfermeiros e
outro pessoal de apoio continuam a trabalhar normalmente.
A directora
provincial de saúde de Cabo Delgado disse que todas unidades sanitárias da província
estão abertas ao atendimento público sem restrições e os serviços de consultas
externas, enfermarias, maternidades e outros continuam em funcionamento nos 17
distritos existentes e não há casos de pacientes que regressam sem ser
atendidos pelos médicos e técnicos da saúde. “Por isso, não temos queixas de
utentes que não são satisfeitos”-referiu Sãozinha Agostinho.
Por seu lado, o
director distrital de saúde de Montepuez, a segunda maior cidade de Cabo
Delgado, José Carimo, contactado pelo “Notícias” via telefone a partir daquele
ponto, confirmou o funcionamento pleno de todas unidades sanitárias naquele
distrito, incluindo as das zonas mais recônditas. “Aqui não há nenhuma greve,
isso é fruto de uma sensibilização dos médicos, técnicos e enfermeiros numa
acção liderada pelo governo distrital que disse que toda a insatisfação
relativa aos salários e outros direitos, os pacientes não podem ser castigados
porque não têm a culpa por isso, todos estamos a trabalhar plenamente”-disse
José Carimo.
COMOANE SAÚDA
PESSOAL DA SAÚDE
Entretanto, a
Governadora de Manica, Ana Comoane, saudou os médicos e funcionários da Saúde
que apesar a greve que vem sendo observada pelos seus colegas no pais, não
aderiram à iniciativa e decidiram redobrar esforços para cobrir a lacuna
deixada por aqueles, que reivindicam salários dignos e melhores condições de
vida.
O gesto da
governante foi feito no decurso de um encontro com os funcionários da Saúde
afectos ao Centro de Saúde de Chimoio, integrada no âmbito da visita que Ana
Comoane efectuou a cidade de Chimoio, destinada a verificação do grau de
cumprimento do manifesto e das recomendações da última visita a urbe.
Na província de
Manica, com excepção de dois médicos, sendo um do Hospital Provincial de
Chimoio e um do Centro Saúde de Chitobe, no distrito de Machaze, todos os
restantes 47 médicos estão de serviço e não há registo da aderência dos
restantes funcionários da Saúde.
Enquanto isso, em
Gaza a situação de paralisação do trabalho por parte de dois médicos e igual
número de enfermeiros no Hospital Rural de Chókwè desde o primeiro dia da greve
ainda continua, segundo informações fornecidas pelo director distrital de
saúde, Luís Nhaia.
Dados em poder do
nosso jornal indicam ainda de que uma maneira geral a situação do sector de saúde
em Gaza está sob controlo.
Enquanto isso, a
maior parte dos médicos e profissionais de saúde dos 18 distritos, dos 21
existentes, da província de Nampula que até a passada quarta-feira se mantinham
em suas casas devido à greve convocada pelas respectivas associações, regressou
na passada quinta-feira aos seus postos de trabalho, segundo foi dado a
conhecer pelo director provincial de saúde, Armindo Tonela.
Segundo Tonela, a
nível dos hospitais e centros de saúde rurais, apenas em Ribáuè (médico distrital
e respectivo médico-chefe), Murrupula (o médico do distrito) e Angoche (uma
médica dentista) continuavam até quinta-feira última, ausentes dos seus locais
de trabalho.
Na cidade capital
provincial, exceptuando os 21 médicos do hospital central, os restantes
terapeutas do hospital geral de Marere, Centros de Saúde da Muhala Expansão, 1º
de Maio, 25 de Setembro bem como os profissionais de saúde, que estavam em
greve, regressaram já aos seus postos de trabalho, segundo foi dito pelo
director provincial de saúde.
Armindo Tonela deu
este informe no decurso do encontro entre a governadora, membros do governo e
religiosos representantes das mais de 200 confissões religiosas registadas
naquele ponto do país.
A delegada
provincial da Associação Médica de Moçambique em Nampula, Ana Lopes, reconheceu
há dias que nem todos os médicos estão a aderir a greve da classe, que dura há
12 dias em reivindicação da melhorias salariais, facto que está a possibilitar
o atendimento normal dos doentes.
Sem comentários:
Enviar um comentário