EL – APN - Lusa
Luanda, 04 jun
(Lusa) - A Polícia Nacional angolana negou hoje em comunicado qualquer
envolvimento na morte de dois dirigentes da UNITA, maior partido da oposição,
ocorrido na noite de sábado para domingo no município do Cacuaco, arredores de
Luanda.
Aquele partido
tinha alegado hoje, em conferência de imprensa, que os autores do crime, que
afirma pertencerem à corporação, observaram "orientações superiores".
No comunicado
distribuído pela agência Angop, a Polícia Nacional classifica como
"gratuitas as declarações da UNITA", e rejeita a acusação,
reservando-se o direito de recorrer à justiça.
Segundo a Angop, a
"polícia apela a toda a sociedade [para se conseguir] maior serenidade e
garante aumentar os níveis de segurança e manutenção da ordem pública".
Em causa está o
assassínio de Filipe Chakussanga e António Kamuku, que segundo a UNITA foram
alvo de execução perpetrada por agentes da polícia, acrescentando ainda a UNITA
que tem uma testemunha ocular dos factos que alega.
A morte dos dois
dirigentes da UNITA ocorreu na mesma noite em que se verificou o assassínio de
três agentes da polícia por desconhecidos, quando se encontravam na esquadra
móvel estacionada no bairro Paraíso, igualmente no Cacuaco.
Um comunicado do
Comité Permanente da Comissão Política da UNITA, reunido "de
urgência" na segunda-feira e enviado hoje à Lusa, refere que
"unidades da Polícia Nacional, em operações no bairro Paraíso, fizeram
buscas noturnas porta a porta e assassinaram friamente nas suas residências os
membros da UNITA".
No comunicado, a
UNITA lamentou e condenou a morte dos três polícias no mesmo bairro "por
indivíduos não identificados", que "se inscrevem no quadro da
criminalidade e insegurança crescentes" em Angola.
"O Comité
Permanente da Comissão Política da UNITA manifesta profundamente a sua
preocupação pelo ciclo crescente de atos de intolerância política, que se
consubstanciam em assassínios políticos seletivos, prisões arbitrárias,
destruição de símbolos partidários, espancamentos de seus quadros e dirigentes
que continuam a ocorrer em todo o país", refere o documento.
Acresce a esta
situação, o facto do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, ter
exonerado segunda-feira a comandante provincial de Luanda da Polícia Nacional,
comissária-chefe Elizabeth Ranque Franque, que detinha ainda o cargo de
delegada provincial do Ministério do Interior.
A exoneração foi
unicamente fundamentada com a expressão "conveniência de serviço".
No mesmo decreto
que divulga a exoneração da comissária-chefe informa-se que Elizabeth Franque
passa a conselheira do comandante geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos.
Para o lugar de
Elizabeth Franque foi nomeado o comissário António Maria Sita, que era o
comandante provincial da polícia no Cunene, província onde exercia
cumulativamente as funções de delegado do Ministério do Interior, tendo sido
promovido ao posto de comissário-chefe.
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