sexta-feira, 14 de junho de 2013

Portugal: O FECHO DA 7ª AVALIAÇÃO




O Fundo Monetário Internacional (FMI) está preocupado com o ajustamento português. No relatório que encerra a sétima avaliação, é verbalizado o receio de que o Governo já não seja capaz de cumprir as reformas com que se comprometeu, até porque o consenso político que tem sustentado o programa de ajustamento está ferido. Sem apontar culpas, o FMI limita-se a constatar as divergências no interior da coligação, mas também o fim da cooperação com o Partido Socialista.

Perante a fragilidade, o FMI alerta para o facto de as metas estabelecidas só serem concretizáveis caso as reformas estruturais sejam implementadas. Uma tarefa que, reconhece o FMI, está hoje mais dificultada.

Na divulgação do relatório, o chefe da missão técnica do Fundo admite, no entanto, uma reapreciação do défice estabelecido para 2014. "Os estabilizadores automáticos devem funcionar. A meta do défice pode ser ajustada, dependendo da evolução da economia", diz Abebe Selassie. Sucede, porém, que, na véspera, a diretora-geral adjunta do FMI, Nemat Shafik, tinha dito que, daqui para a frente, o campo para tolerar novas derrapagens nas contas públicas portuguesas é "muito limitado". Afinal em que é que ficamos? Talvez à luz de mais esta divergência pública, desta vez dentro da própria casa, se percebam as razões porque cada vez mais responsáveis políticos querem ver o FMI pelas costas. Mas esquecem-se que tem sido este o melhor aliado de Portugal no contexto da troika.

É verdade que, em matéria de previsões económicas, sobretudo desde a quinta avaliação, o Fundo tem sido - tal como o Governo português - profundamente irrealista no que ao impacte das medidas recessivas na economia real diz respeito. Mas não é menos verdade - e até pode ser por má consciência - que foi também o FMI o primeiro a alertar para os riscos da austeridade excessiva, sem que ninguém lhe tivesse dado ouvidos. As consequências estão à vista e não se vislumbra uma mudança na cartilha.

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