António Ribeiro
Ferreira – Jornal i
2200 milhões para
dívidas das câmaras, regiões e sáude, 1595 de quebras fiscais, 500 da Segurança
Social e 100 da concessão da ANA
Pobre Tribunal
Constitucional, que o governo transformou em bode expiatório de todos os males
da Pátria quando anunciou em Abril o chumbo a quatro normas do Orçamento do
Estado de 2013 que, agora, no relatório do Rectificativo valem 1274 milhões.
Afinal, Vítor Gaspar deve estar muito agradecido aos juízes do Palácio Ratton
que lhe deram oportunidade de disfarçar um buraco de pelo menos 4395 milhões.
Para além dos famosos 1274 milhões.
Basta ler e
transcrever o Relatório do Orçamento Rectificativo elaborado pela equipa das
Finanças. Sem comentários.
As dívidas
escondidas
"O défice
orçamental, em contabilidade pública ajustado para efeitos de programa,
respeita o limite fixado para 2013: 8,9 mil milhões (5,4% do PIB). Numa óptica
de caixa, este valor é agravado significativamente por um conjunto de operações
de pagamentos de anos anteriores. Estes programas de regularização de dívidas
concentram-se na Saúde e na Administração Local e Regional. Sendo assim, o
défice não ajustado deverá ascender a cerca de 11,1 mil milhões, isto é, mais
2200 milhões.
Quebra fiscal
A previsão revista
da receita fiscal do Estado situa-se em 34 233 milhões, tendo implícita uma
redução de cerca de 1595 milhões.
Concessão da ANA
Inicialmente previa-se
uma receita de 1100 milhões, com 600 milhões em 2012 e 500 milhões em 2013. A
receita total acabaria por ascender a 1200 milhões, com 800 milhões em 2012 e
400 milhões em 2013. Assim, a receita total excedeu a estimativa inicial.
Porém, a nova distribuição entre 2012 e 2013 traduz-se numa diminuição da
receita esperada da concessão da ANA em 2013 no valor de 100 milhões.
Segurança Social
Aumento da
transferência do Orçamento do Estado destinada ao financiamento do orçamento da
Segurança Social (500 milhões), visando assegurar a compensação do efeito da
revisão do cenário macroeconómico na conta deste subsector. Deste montante, 270
milhões vão para o aumento da despesa com subsídios de desemprego.
Desemprego
Este reforço ocorre
porque o governo decidiu inscrever uma taxa de apenas 16,4% de desemprego em
Portugal este ano, quando no final de Dezembro de 2012 esta já ia nos 16,9%,
segundo o INE. Em Outubro, data da elaboração do Orçamento do Estado para 2013,
o desemprego ascendia a 16,3%.
Agora o ministro das
Finanças viu-se obrigado a rever a taxa no Orçamento Rectificativo, colocando a
previsão para a taxa de desemprego média nos 18,2%, à imagem dos valores
presentes no Documento de Estratégia Orçamental.
Mais um
Rectificativo
O Orçamento
Rectificativo que os deputados discutem hoje não será provavelmente o único
deste ano. Ainda antes da discussão do Orçamento do Estado de 2014, é natural
que Vítor Gaspar tenha de corrigir de novo os cenários macroeconómicos e os
números das receitas e das despesas. A queda do PIB no primeiro trimestre, a
segunda maior desde 2009, com o PIB a recuar para valores de 2000, faz antever
o pior.
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