Tiago Mota Saraiva –
Jornal i, opinião
Vítor Gaspar tem
estado hiperactivo em declarações mediáticas. Numa conferência de imprensa
classificou como “deselegante” uma pergunta de um jornalista e na sequência da
declaração do deputado Miguel Tiago de que as suas políticas traíam a pátria
indignou-se pelos termos da acusação exactamente no mesmo dia em que, num
almoço de empresários, pedia comiseração pelas suas duas últimas semanas de
benfiquismo.
Entre os pingos da
chuva passou uma declaração em que Gaspar diz que o Memorando de entendimento
foi mal negociado. Mas será que Gaspar está a falar do Memorando que Catroga
negociou e que disse ter sido “essencialmente influenciado pelo PSD”? Então por
que razão é que este governo indica maus negociadores para lugares de destaque
na EDP? E Gaspar prosseguiu responsabilizando o anterior governo. Mas quem é
que teve responsabilidades políticas na negociação que nos arruína? Sócrates, o
actual comentador de uma RTP cada vez mais instrumentalizada por este governo?
Teixeira dos Santos, o homem que o governo parece querer indicar para a
administração da CGD? Luís Amado, o administrador do BANIF em que abundam
dinheiros públicos? E Passos Coelho já não declara que o Memorando é o seu
programa político?
O problema do país
não está exclusivamente no Memorando, mas no sistema que implica a sua ruína.
Qual pescadinha de rabo na boca, um reduzido número de actores espalhado por
três partidos (PS, PSD e CDS) vai-se digladiando fingindo divergências, mas o
que é certo é que qualquer governo que não rompa com as oligarquias que nos
dominam estará a arruinar o país. Quanto mais tempo demorar essa ruptura, mais
difícil será sair do buraco em que nos têm afundado.
Hoje, por toda a
Europa, milhões de pessoas sairão à rua sob o mote: “Povos unidos contra a
troika”. O crescimento e o alargamento da resistência é a única forma de se
derrotar o medo e a miséria.
Escreve ao sábado
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