Ana Paula Correia –
Jornal de Notícias
Após o encontro com
a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ao fim da manhã desta segunda-feira,
Mário Soares comentou as vaias ao primeiro-ministro e ao chefe do Estado, nas
cerimónias do 10 de Junho, desafiando Cavaco Silva a demitir o Governo.
"A popularidade
do presidente da República baixa todos os dias, nas sondagens, está cada vez
mais impopular, por isso ele tem de tomar uma posição. Não pode admitir que um
Governo, que não se entende entre si e que está a destruir Portugal, continue
para arruinar o país", afirmou o antigo presidente da República aos
jornalistas portugueses e brasileiros.
Após cerca de uma
hora de reunião com Dilma Rousseff, Soares ainda comentou a ideia transmitida
pelo presidente da República e pelo primeiro-ministro de os portugueses não
podem vacilar e têm de aguentar.
"Para ele
talvez seja fácil aguentar, mas o povo é que não se quer aguentar, como se
prova, vaiando-o a ele e aos ministros", afirmou.
Sem adiantar os
assuntos que abordou com Dilma, o histórico socialista revelou que o encontro
se realizou a seu pedido e salientou a convergência de posições "entre
camaradas", bem como a "inteligência" da presidente brasileira,
que, admitiu, ainda não conhecia pessoalmente.
Soares também não
quis tomar posição sobre a possibilidade de entrar capital barsileiros nas
empresas portuguesas, nomeadamente na TAP, mas aproveitou para criticar uma vez
mais o Governo de Passos Coelho, que, disse, "querer vender o país a
retalho".
Questionado sobre o
que faria se fosse primeiro-ministro agora, nas circunstâncias atuais do país,
o antigo chefe do Governo lembrou o tempo em que governou com a intervenção do
FMI.
"Já fui
primeiro-ministro num país arruinado e resolvi o problema num ano e o FMI nunca
falou em público. Pagámos tudo, recebemos tudo e tudo se passou
lindamente", afirmou, criticando a troika por "falar demais",
mas o pior, acentuou, é a "subserviência do Governo à troika".
"Isso é que é insuportável", concluiu.
A presidente
brasileira não falou com os jornalistas após o encontro com Mário Sores,
estando apenas previsto que faça declarações públicas após a reunião com Cavaco
Silva, no Palácio de Belém, marcada para as 17 horas.
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